sábado, 9 de fevereiro de 2013

Entrevista com Autores (Luciane Rangel)




A entrevistada da vez é uma autora que conseguiu a proeza de publicar de maneira independente a Trilogia Guardians, uma história que envolve personagens multirraciais usando os doze signos do zodíaco como tema. E não para por aí, ela está preparando uma nova publicação que esperamos em breve ser lançada. Luciane Rangel foi super simpática e cortês ao responder as minhas perguntas. Eu pessoalmente adorei trocar figurinhas com ela, por isso espero que vocês também possam gostar. Sem mais enrolações, vamos a entrevista:
01 - Quando você decidiu se tornar escritora?
Gosto de criar histórias desde que me conheço como gente. No entanto, seguir a escrita como profissão foi algo que veio aos poucos em minha vida. Quando criança, gostava de criar livrinhos com histórias e desenhos; na adolescência, veio a fase dos diários e dos versinhos em agendas; depois, comecei a escrever fanfics (de um anime chamado Yu Yu Hakusho) e crônicas em blogs, e logo comecei a arriscar também as minhas próprias histórias. Porém, nunca imaginei um dia publicar um livro, isso pra mim parecia algo inalcançável. Foi Guardians que, naturalmente, me levou a isso. A história foi criada sem qualquer pretensão maior, era apenas para ser publicada na internet, junto com os desenhos da minha amiga Ana Claudia Coelho. Só que, durante os 3 anos de publicação capítulo a capítulo, Guardians foi atingindo um público muito maior do que eu poderia imaginar (aliás, quando a história começou a ser publicada, eu tinha apenas 2 leitores! Nem esperava qualquer coisa muito além disso, na verdade). Ao final desta publicação online, os próprios leitores começaram a pedir para ter em livro a história que acompanharam virtualmente mês a mês durante três anos. A publicação foi feita de forma independente, apenas para atender ao pedido desses leitores e, novamente, sem maiores pretensões. Não sabia que a coisa ia dar tão certo. No entanto, hoje não quero nada diferente disso pra minha vida.

02 - Qual é o autor que você mais admira? (Não vou perguntar qual é seu favorito porque muitas pessoas possuem mais de um favorito.).
Eu responderia que é o meu pai, Mailton Rangel, autor de livros de poesia. No entanto, como corro o risco de acharem essa escolha um tanto suspeita, cito outro autor nacional de quem eu sou muito fã: Luis Fernando Veríssimo.

03 - Tem alguma obra literária que lhe tocou de maneira especial? (Não vou perguntar qual é seu livro favorito pelo mesmo motivo anterior.).
Pergunta difícil, viu? Foram inúmeros! Mas o primeiro nome que me veio à mente foi “A Cidade do Sol”, de Khaled Hosseini. A carga emocional deste livro é tão forte, que em diversos momentos tive que parar a leitura dizendo “chega, por hoje não dá mais!”. O livro é fantástico.

04 - Você possui algum gênero literário favorito?
Sabe que não? Se o enredo me interessar, eu leio independente do gênero. Porém, tem alguns que não curto muito, como biografias e autoajuda.

05 - Tem algum personagem de livro com o qual você se identifica? Se sim, por quê?
Às vezes acho que sou meio Bridget Jones. Mas só às vezes! rs... Consigo fazer umas trapalhadas épicas!

06 - Você possui algum hobby além de ler e escrever?
Sou compulsiva por origami. Nem papel de bala escapa nas minhas mãos!

07 - Em sua opinião, quais são os benefícios de se ler um livro?
Nossa, inúmeros! Melhora o vocabulário, a capacidade de interpretação e de escrita, amplia o conhecimento geral... Sem contar que é uma atividade muito divertida.

08 - Você é uma autora um tanto influente na Internet e usa esse meio de comunicação para divulgar seu trabalho. Como consumidora qual é a sua preferência, livro físico ou e-book?
Sou? Poxa, obrigada! =) Olha, eu acho que nunca comprei um e-book. Amo livros físicos. Acho que nada substitui o prazer de folhear, tatear um livro. Até o cheiro é bom! rs. 

09 - Publicar um livro de maneira independente é algo extremamente trabalhoso. No seu caso você publicou de cara uma trilogia. Poderia contar um pouco de como foi essa experiência?
Já contei um pouco lá na primeira resposta. Sim, é algo trabalhoso demais, e com despesas que vão muito além da mera publicação. No meu caso, todo o trabalho de divulgação (o que inclui brindes, marcadores e viagens pra eventos) e de venda dos livros é por nossa conta (minha e da Ana Claudia, desenhista de Guardians). Vender livro é uma tarefa um tanto difícil, ainda mais não estando nas livrarias e sem ter altos investimentos em propaganda. Ah, e o fato de ser uma trilogia complica a coisa ainda mais. Porém, uma curiosidade: Guardians acabou virando trilogia por conta do tamanho, que não caberia num livro só. Por isso foi cortado em três, mas é uma história só.

10 - Vi em uma entrevista você contando que a princípio a série dos Guardians surgiu na Internet através de postagens em um blog. Naquela época você imaginava que sua história chegaria onde está hoje?
De forma alguma! Se na época que comecei a publicar na internet alguém me dissesse que aquela história iria virar livro e que algum dia eu estaria viajando pelo Brasil pra divulgá-lo ou dando entrevistas como esta, eu na certa acharia graça. Quando comecei as postagens, jamais imaginei que Guardians atingiria o público que atingiu na internet e, ao transformá-lo em livro, também não esperava que fosse agradar a tantas pessoas fora daquele círculo criado durante a publicação online, ainda mais sem nenhum apoio de marketing, sem estar nas livrarias e sem o selo de uma grande editora.
 
11 - Também vi você dizer que na versão publicada dos seus livros muitas ilustrações ficaram de fora. Você planeja trabalhar com esse material extra, seja em um livro só de ilustrações ou postando em seu Site?
Já pensamos nisso, sim. Porém, como autora independente fica difícil fazer algo assim. Livros ilustrados são bem caros. Mas é uma ideia que deixamos bem guardadinha... quem sabe num futuro próximo?


12 - E de onde originou a ideia para toda a criação dos Guardians?
Sempre fui muito fã das histórias japonesas. Cresci assistindo tokusatsus na tevê e, depois, me encantei também pelos animes e mangás. Antes mesmo de Guardians, minhas histórias já eram criadas neste mesmo estilo. Acho que Guardians juntou esse estilo de histórias japonesas a outras coisas que gosto muito, como a astrologia, a mitologia japonesa (presente na figura dos youkais) e a diversidade (no fato dos personagens terem nacionalidades diferentes).


13 - A Internet é uma arma vantajosa para os escritores em geral, nela é comum ver parcerias entre blogs e autores. Se algum dia algum autor ou autora lhe convidar para uma possível parceria na criação de uma obra, você aceitaria o convite?
Ah, certamente! Aliás, já tenho esse plano com dois amigos autores. Só falta tempo pra colocar a ideia em prática! rs

14 - Se algum dia você recebesse a proposta de adaptar seu livro em um filme (que no caso deveria ser uma grande produção por se tratar de uma trilogia), como você reagiria? Você ia gostar?
Acho que teria um ataque cardíaco de felicidade! Seria bom demais!

15 - Como é o seu contato com os seus leitores?
Sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo, e é verdade! Porque eles vestem mesmo a camisa de Guardians. Divulgam, apoiam... E são uns fofos! Desde o tempo da publicação online, todo o público de Guardians veio através da divulgação de cada novo leitor, que trazia novos leitores junto... E até hoje é assim. E eles interagem com a história! Estou sempre recebendo fanarts e fanfics de Guardians. Como eu já disse anteriormente, essa vida de escritor independente é árdua, trabalhosa e cheia de gastos... E muitas vezes dá vontade mesmo de desistir. Mas esse carinho dos leitores é o que me dá forças pra ir adiante.

16 - Você faz parte do Selo Brasileiro. Como é participar de um grupo que abrange tantos autores de diversos estilos literários? Poderia contar um pouco de como é essa experiência?
É uma troca muito boa. Estamos sempre aprendendo uns com os outros, e isso é bom demais!

17 - Fora do Selo Brasileiro também você deve ter muitos amigos autores. Como é a sua relação com eles?
Muitos! O mais legal é que, mesmo sendo de estados diferentes, a gente tá sempre se encontrando em bienais e outros eventos aqui e ali. E é o mesmo caso do Selo Brasileiro: estamos sempre aprendendo uns com os outros. É sempre uma ótima troca de informações e de experiências.

18 - Como autora, qual é seu maior sonho?
Que minhas histórias cheguem a mais e mais pessoas, todos os dias. E que lhes traga coisas boas.

19 - Quais são os seus próximos planos Literários? Tem algum projeto em andamento que possa revelar?
Sim! Estou, novamente em parceria com a amiga e desenhista Ana Claudia Coelho, trabalhando num novo projeto. O livro se chama Tenshi e é uma comédia romântica, mais para o público adolescente. É um estilo bem diferente de Guardians – que é uma aventura mais para o público jovem-adulto – porém é similar no que diz respeito à influência dos mangás. Aliás, esta influência estará ainda mais presente em Tenshi. O livro já está quase finalizado e, logo que estiver pronto, pretendemos enviar para editoras tradicionais (é, a gente quer sair dessa vida de autor independente rs). Pra isso, estamos pedindo o apoio dos leitores com uma petição online, que será enviada para as editoras junto com o livro. Segue o link para quem quiser dar um apoio com sua assinatura:  http://www.peticao24.com/pela_publicacao_do_livro_tenshi

20 - Para finalizar, você gostaria de deixar algum recado para as pessoas que estão lendo? Pode ser o que você preferir, um conselho, uma mensagem, uma dica, um poema, um sermão, um puxão de orelha, um desabafo, o que você preferir.

Só tenho a agradecer! Ao Davidson pelo espaço e pelo apoio, e a todos os leitores pelo carinho de sempre. Obrigada e muitos beijos a todos!



Luciane eu também fiquei muito grato por toda sua gentileza, não são muitos autores nacionais que são tão gente boa quanto você. Sei de alguns que ainda estão longe de serem famosos, mas que já agem como se fossem estrelas. Pessoalmente acho que como autores independentes (ou não), devemos nos apoiar e nos ver como iguais para que assim a Literatura do Brasil possa crescer cada dia mais.
 Continue sendo sempre assim que você irá chegar longe. Desejo-lhe todo sucesso do mundo (e também a suas obras Guardians e Tenshi) e que sua caminhada literária seja bastante iluminada. Para os leitores do Blog, abaixo deixei o link para a página oficial da autora.





Incubus



O Incubus é uma banda de rock alternativo que se formou nos primeiros anos da década de noventa, mas que começou a despontar na mídia em 1995 com seu álbum S.C.I.E.N.C.E. O nome foi retirado da mitologia medieval, sendo baseado no demônio masculino que seduz mulheres para sugar toda sua energia vital através de um ato sexual. Os integrantes sabendo disso pensaram: “Legal, tem algo haver com sexo. Então ficará esse nome mesmo.”. Uma curiosidade a ser citada sobre alguns integrantes da banda é que durante a adolescência eles aprenderam a fazer tatuagens usando os próprios corpos para testes.
Para mim no ano de 2004 o mundo musical estava um tanto instável, promessas salvadoras do rock não conseguiam me convencer. Eu via bandas como Good Charlotte e Hoobastank bastantes estouradas aqui no Brasil e pensava comigo mesmo o quanto tudo aquilo era passageiro. Apostava que em pouco tempo aquelas e tantas outras bandas já não teriam o mesmo prestígio e acabariam sumindo da mídia. Ao mesmo tempo em que também via bandas como a da Avril Lavigne e o Marrom 5 e me perguntava quando surgiria uma banda boa que valesse a pena de verdade novamente?
 O alvo da grande maioria dos grupos musicais visivelmente eram os jovens aborrecentes que ainda estavam se descobrindo e bancavam os “rebeldes” sem nem mesmo entender o sentido de muitas coisas. Entre essa severa briga por espaço na mídia estavam bandas já consagradas e que ainda não eram muito conhecidas por aqui.
Foi nessas condições que acabei conhecendo o Incubus. Eu via o clipe da música “Megalomaniac” e até gostava da música, mas não me rendia à crença de que vários aborrecentes vazios também poderiam gostar daquela banda. Tudo bem, eu subjulguei os jovens da época, mas me recusava a gostar das coisas atuais daquela época porque para mim fazia mais sentido gostar de um som mais tradicional e menos experimental. Eu não queria ceder a lavagem cerebral de muitos artistas.
Mas com o tempo acabei escutando por acaso outras músicas do Incubus, além de ver clipes e partes de shows. Então acabei descobrindo também por acaso que o irmão de um vizinho possuía um dos álbuns da banda. Claramente o pedi emprestado para conhecer melhor o som, já que ali tinha algo que me agradava. O álbum em questão era o “Morning View”, lançado em 2001 e que consequentemente eu acabei escutando bastante. Só resolvi aceitar gostar mesmo do Incubus depois de escutar mais dois álbuns da banda, o Make Yourself e o S.C.I.E.C.E.











Por não saber a fundo muitas coisas sobre a banda, farei nessa postagem uma curta analogia pessoal sobre cada álbum. Com exceção do If Not Now, When?, álbum lançado mais recentemente, porque ainda não o escutei. Então vamos lá.
O primeiro álbum gravado pelo Incubus e que muitas poucas pessoas conhecem é o Fungus Amongus. Lançado em 1995 esse álbum trás uma sonoridade extremamente diferente do som mais atual da banda. É algo bem experimental e alternativo, com uma notável influência da banda Californiana “Faith no More” que mistura o som instrumental pesado bem estilo heavy metal a melodias vocais faladas no melhor estilo hip-hop. Desse álbum eu recomendo as faixas: “Shaft!”, “Take me to your leader”, “Speak free” e “The answer”.
O segundo álbum da banda foi o S.C.I.E.C.E, lançado em 1997. A sonoridade segue a linha de seu antecessor com um pouco mais de peso. Para quem só conhece as músicas mais atuais do Incubus pode haver um estranhamento com relação a esses dois primeiros álbuns. Foi o que ocorreu comigo no princípio, mas depois de um tempo o ouvinte se acostuma. As faixas que recomendo são: “A certain shade of Green”, “Idiot Box”, “New skin”, “Vitamin” e “Favorite things”.
O terceiro álbum do Incubus é o Make Yourself. Aqui a direção musical da banda começa a se modificar e se definir. Com melodias vocais mais cantadas do que faladas e um instrumental um pouco mais limpo, o som parecia querer tomar uma direção mais pop. Mas isso não quer dizer que esse seja um álbum ruim, não. Tenho a impressão de que a banda começou a se encontrar mesmo a partir desse trabalho. As influencias ficam um pouco menos evidentes e o grupo começou a mostrar uma maneira única de fazer música. Para esse eu recomendo as faixas: “Nowhere fast”, “When it comes”, “Stellar”, “Make yourself”, “Drive”, “Out from under” e “Pardon me”.
O quarto álbum de estúdio do Incubus é o Morning View lançado em 2001, como já citei. Para a gravação desse trabalho a banda se isolou em uma casa localizada em Malibu na Califórnia, próximo a uma rua chamada Drive Morning View, nome esse que claramente influenciou o nome do álbum. O som dessa vez parecia estar um pouco mais maduro e firme, além de ser muitíssimo bem estruturado e possuir arranjos incríveis. Esse é meu segundo álbum favorito do Incubus. O escutei incessantemente por um longo período, graças a isso fica difícil listar apenas algumas músicas, mas ainda assim vou tentar fazer as recomendações: “Circles”, “Wish you were here”, “Just a phase”, “Blood on the ground”, “Have you ever” e “Under my umbrella”.
O quinto álbum do Incubus é o A crow left of the murder... Com uma temática mais séria e política, esse álbum trás um som mais pesado do que seus antecessores em questão de harmonia e arranjos (o peso dos dois primeiros álbuns se concentra principalmente em feitos de distorção e notas graves, enquanto os demais se focalizam muito nas vocalizações do Brandon Boyd). Como de costume, esse é totalmente diferente dos outros. Sou um pouco suspeito de falar sobre ele porque esse é meu álbum favorito da banda. Quando o comprei eu fazia o mesmo que faço com o “Wasting Light” do Foo Fighters, (do qual já escrevi a respeito aqui) depois de escuta-lo uma vez, retorno para a primeira faixa a fim de escutar tudo de novo. E assim como ocorre com o Morning View, fica difícil recomendar apenas algumas faixas, então recomendo que esse seja escutado por completo.
O sexto álbum do Incubus é o Light Granades. Lançado em 2006, esse álbum não trás tantas diferenças sonoras em comparação a seus antecessores. Me arrisco a dizer que ele é como se fosse uma mistura entre Make Yourself e Morning View se for fazer uma comparação técnica entre os trabalhos anteriores do Incubus. Um som pouca coisa mais limpo com músicas sérias que em alguns momentos chegam a soar muito melancólicas. Minha única queixa sobre Light Granades é que ele não é tão empolgante quanto A Crow left of the murder... ou Morning View, escuta-lo de vez em quando e apenas uma vez já está de bom tamanho. As faixas que recomendo são: “Anna Molly”, “Light Granades”, “Oil and water”, “Rogues”, “Pendulous thereads” e “Look alive” (essa última saiu apenas na versão japonesa do álbum).
Para finalizar essa postagem tenho a dizer o seguinte, o Incubus é uma boa banda com um som único que cresceu e se solidificou musicalmente no decorrer dos anos. Se no início as influencias dos músicos eram visíveis, hoje em dia já não dá para fazer comparações. O estilo poderia ser facilmente definido como New Metal, mas é justamente por ter um jeito próprio de tocar e compor que faz do Incubus uma banda única.
Confesso que não é uma das minhas bandas favoritas pelas quais eu morro de paixão, mas está presente no meu set list porque escutei bastante suas músicas por uma breve fase de minha vida. Hoje em dia já não escuto tanto, mesmo porque escuto uma infinidade de outras bandas. Mas ainda assim posso dizer que gosto de Incubus. Abaixo deixarei um link para um site brasileiro voltado especialmente para o Incubus e alguns vídeos de clipes e uma apresentação bem bacana. Enjoy.