domingo, 28 de setembro de 2014

A Droga da Amizade Lançamento




Antes de iniciar a postagem em si gostaria de esclarecer algumas coisas que deixei um pouco pendentes. Fiquei quase um ano completo sem realizar nenhuma postagem nova por aqui. Foram três os motivos por essa “folga”. Primeiro, desde a criação do Blog do Silvaerrado, minha intenção era algo altamente descompromissado. Por ter uma vida fora da Internet e me ocupar por grande parte do dia, nunca firmei um compromisso de datas para realizar novas postagens. Se o Blog apresenta exclusivamente minha opinião em suas colunas, tenho a livre decisão de quando escrever algo novo. Não me interpretem mal, não sou arrogante. Só gosto de ter controle sobre minha vida.
Segundo, a falta de Feedback. Quando você escreve algo e se dispõe a mostrar para as pessoas, espera-se que alguém tenha coragem de expressar alguma opinião. O grande problema, em meu caso pelo menos, é a forma como algumas pessoas veem a divulgação de blogs ou sites. Muitos não compreendem o quanto a divulgação é necessária e respondem com grosseria (pelo menos comigo ninguém foi descortês até o presente momento), ou bloqueiam quem está apenas tentando se comunicar. No Skoob, por exemplo, a maioria dos membros classificam divulgação de blogs como spam. Tudo bem que realmente é chato ter uma caixa de entrada cheia de recadinhos pedindo visitas para um blog, mas como já foi dito aí em cima, divulgação é necessária, principalmente para muitos autores iniciantes. O grande defeito que percebo nas redes sociais é simplesmente a intolerância com o próximo. Custa ignorar recados indesejados?
E finalmente em terceiro, precisei ficar fora do Blog um pouco porque estava procurando viabilizar projetos finalizados. Tenho alguns originais terminados esperando apenas por uma oportunidade de publicação. Como na Literatura existem dificuldades, decidi esperar o momento certo para investir e evitar gastos desnecessários. Também precisei reavaliar algumas prioridades pessoais. Enfim, o Blog continua ativo e se mantém aberto para quem quiser se comunicar comigo.



Agora vamos ao que interessa. Em meu perfil no Facebook participo de alguns grupos. Dentre eles, o grupo Os Karas – PedroBandeira, que oficialmente apresenta novidades a respeito do grupo criado pelo renomado autor Pedro Bandeira. Pois bem, há aproximadamente um mês e meio descobri o lançamento da aguardada continuação da série dos Karas. O livro intitulado “A Droga da Amizade” chega trinta anos após a primeira aventura e quase quinze anos após a ‘última’ peripérsia desse carismático e corajoso grupo de amigos (resenhas separadas de cada livro da série aqui). Como bom fã da série e dos demais trabalhos do autor, mostrei meu interesse em adquirir mais esse livro. Para a minha felicidade os administradores revelaram que haveria uma turnê de lançamento. Confesso que eu estava aguardando pela Bienal do Livro de Minas que acontecerá aqui em Novembro e fui pego de surpresa ao saber que essa turnê passaria aqui por BH também. Fiquei mais empolgado ainda quando descobri que conhecia bem o local aonde se realizaria. Vi aí a oportunidade de finalmente ver meu autor favorito pessoalmente e também tentar efetuar a “missão” que acabou falhando na Bienal de 2012 (clique aqui e aqui para ver as postagens referentes ao ocorrido).
Só para situar vocês. Desde 2012 tento entregar meu livro “Coração Paterno” para o autor que vejo como mestre. Na Bienal daquele ano ocorreu um problema estrutural que acabou cancelando o evento e me deixando a ver navios, assim como a muitos outros participantes. Um ano depois o Pedro veio mais uma vez para BH. Dessa vez para o Salão do Livro Infantil. O problema foi que eu soube do evento dois dias antes de sua realização. Fiquei tão ansioso que acabei passando mal e não consegui ir. Agora definitivamente eu não poderia deixar passar mais essa oportunidade única.
Aqui em BH o lançamento de “A Droga da Amizade” teria apenas a seção de autógrafos, sem palestra. Para mim já era o suficiente para conseguir ver de perto um dos meus heróis literários. O evento ocorreu na última sexta-feira, dia vinte e seis. Me arrumei ao que acredito ser á caráter. Vesti uma blusa laranja que ganhei na época em que participei de um projeto para a criação de uma biblioteca em meu serviço (irônico é que todas as minhas colegas de serviço detestam essa blusa, mas eu a adoro pela mensagem), com os dizeres “Espaço de ler, direito de todos.”, à frente e “Mediador de leitura” nas costas.
 Saí de casa cedo e assim que cheguei ao lugar já me senti envolvido pela magia de um grande acontecimento. Acredito que fui o primeiro a chegar com o interesse de participar do lançamento. E ao perguntar para um dos vendedores se o livro já estava disponível para vendas, o rapaz me perguntou se eu havia retirado o ingresso pela internet. Já imaginando que ocorreria algum empecilho, expliquei que apenas havia feito o cadastro no site oficial, mas que não recebi nada por e-mail. Depois de averiguar a situação, o vendedor me disse que estava aguardando os responsáveis pela editora chegarem para esclarecer se seria preciso esse tal convite. Acho que ele percebeu a minha cara de desanimo ao imaginar que talvez não conseguiria nem mesmo o autógrafo. Ele então me tranquilizou dizendo que ainda assim eu poderia receber o autógrafo, mas que possivelmente teria de esperar. Afinal as pessoas que estivessem com o tal convite teriam preferência na fila.
Depois de comprar o livro e ter nele colocado uma folhinha de notificação com a solicitação “autógrafo em nome de Davidson”, fui dar uma volta. Estava tão empolgado que nem mesmo o sundae de chocolate pago pela minha acompanhante não foi consumido por completo. Era até um pouco difícil de acreditar naquela realização. E ao voltar para a livraria, muitos funcionários, seguranças e demais pessoas na fila poderiam até me achar um bobo por ficar rindo feito criança por todo tempo (felizmente não teve nada de ingresso. Todos puderam ficar na mesma fila que se organizou por ordem de chegada). O que me importava de verdade era poder ter alguns minutos de contato com Pedro Bandeira. Não olhei para o relógio para constatar, mas acho que o autor chegou um pouco antes do horário marcado e mesmo assim começou a distribuir seus autógrafos.
Por maior que fosse o meu nervosismo, foi preciso manter-me centrado. Não sei nem se dei alguma mancada. Fato é que ali estava eu com um exemplar de “A Marca de Uma Lágrima” (meu livro favorito do autor) e o recém comprado “A Droga da Amizade”. Além é claro do exemplar de “Coração Paterno” embrulhado em papel de presente. Qual seria a reação do Pedro ao receber meu presente? Era a pergunta que ficava repetindo para mim mesmo. Não sei se fui muito educado por chegar até a mesa aonde ele se encontrava apressadamente pouquíssimos instantes depois de os fãs anteriores a mim terem saído. É que a empolgação gritava dentro de mim mais alto do que nunca. Isso sem contar que sabia que não poderia demorar muito para não causar a revolta dos demais que estavam na fila.
Fui logo explicando que naquele embrulho se encontrava um presente meu para ele. Não era uma forma de pedir ajuda de publicação ou alguma vantagem do tipo. Só queria mesmo era retribuir por cada vez que ele já me encantou com algum de seus livros. Foi aí que recebi um caloroso e agradecido abraço. Pedro já foi logo me perguntando se aquela era a minha estreia. Respondi que sim e quase gaguejando, contei que tive de realizar uma publicação independente.
Pedro não me olhou de forma desmerecedora. Pelo contrário, tudo o que me disse foram palavras gentis e motivacionais. Disse que é assim mesmo que se começa. Que não é fácil ingressar no mercado, mas que o importante é persistir. Que eu não posso desistir. Depois que ele autografou “A Droga da Amizade”, fez algo que me deixou pessoalmente muito gratificado. Com certo orgulho em suas palavras, pronunciadas em auto e bom som, ele espalmava meu singelo livro dizendo: - Olha só, aqui tem mais um escritor. O Davidson também é escritor. Também é escritor.
Enquanto ele autografava “A Marca de Uma Lágrima”, expliquei que tentei entrega-lo meu livro durante a Bienal do Livro, mas antes de terminar a frase, Pedro se recordou do ocorrido com descontração e chegou a levantar a mão ao dizer: - Mas uma chuva tirou o telhado lá do lugar. - Contei que fiquei chateado com o acontecido e ele revelou ter se sentido da mesma forma. Também me disse que em Novembro estará aqui em BH mais uma vez. E entrando na descontração da conversa, eu disse que com certeza irei lá também. Mais uma vez com muito bom humor Pedro disse: - Isso se a chuva não derrubar lá de novo, não é? - Ficamos rindo.
Tiramos algumas fotos (como podem ver abaixo) e me despedi com um aperto de mão. Ele me desejou sucesso e saí rapidamente pelo mesmo motivo de ter chegado um pouco afobado até meu autor favorito. Saindo da livraria ganhei ainda uma capanguinha com alguns marca páginas e imãs de geladeira (que ficarão guardados por eu não ter coragem de deixa-los pegar poeira na geladeira aqui de casa). Eu permanecia ao mesmo tempo incrédulo pelo que havia acabado de vivenciar e particularmente realizado. Só no caminho para casa foi que percebi que havia me esquecido de pedir que ele carimbasse a palma da minha mão com o famoso K do código vermelho dos Karas. Mas para mim não tem importância. Afinal o K já está carimbado em meu coração para sempre.
Foi preciso esperar dois anos para conseguir fazer meu livro chegar até o Pedro. Senti raiva do Expominas quando cancelaram a Bienal em 2012 e raiva de mim mesmo por não ter conseguido segurar a onda e ter me rendido em 2013. Agora estou altamente satisfeito por tudo ter ocorrido da maneira que ocorreu. Tudo só serviu para reforçar minha admiração não apenas pelo trabalho do Pedro Bandeira como também pela pessoa dele. Sempre que assisto algum dos vídeos dele pela internet, vejo alguém próximo. Vejo nele muitas vezes a figura não apenas do escritor em si, mas também a de um pai ou avô que com seu tom de voz manso e sereno, e com uma dicção quase perfeita, mostra-se atencioso e carinhoso com todos.
Uma coisa que eu já esperava desse encontro e que surpreendeu a amiga que me acompanhava, foi a humildade demonstrada por Pedro Bandeira. Ao contrário de tantas outras pessoas publicas e importantes dentro e fora da literatura, ele não se portou como superior em nenhum momento. Naqueles poucos minutos, ele mostrou-se para mim e para todos ali presente, uma pessoa altamente acessível e agradável. Vendo a todos por igual. E particularmente, acho que é assim que devem se portar os grandes homens. No fundo fico até orgulhoso por tê-lo como meu autor favorito.
Para encerrar essa postagem tão especial, preciso dizer que tenho uma outra resenha de um outro livro dele aqui arquivada comigo, mas precisarei deixa-la na fila por mais um tempinho. A próxima resenha que pretendo postar aqui é justamente sobre “A Droga da Amizade”. Já estou lendo os últimos capítulos dela e não vou conter a vontade de passar minhas considerações para vocês. E em primeira mão posso lhes revelar também mais uma coisinha. O mês de Novembro virá com um ar altamente especial para mim. Os motivos algumas pessoas que me conhecem já sabem, mas só revelarei para os demais quando o mês chegar por definitivo, assim de surpresa, como faço com todas as minhas postagens aqui deixadas.
Meu recado para o Pedro é o meu muito obrigado por cada obra que mexeu comigo (e posso citar várias), por trazer uma sequencia para a série dos Karas (que para quem já leu os outros cinco livros é um momento altamente mágico e emocionante) e por disponibilizar essa oportunidade de encontrar-se com seus leitores fieis e dedicados através dessa Turnê de Lançamento. Obrigado por esse dia tão especial vivenciado não apenas por mim, mas por todos ali presentes. Obrigado de coração.

Como diriam aqueles memes de Facebook, sentindo-se realizado. Abaixo seguem algumas fotos.