sábado, 4 de outubro de 2014

A Droga da Amizade



Depois de um hiato de quase quinze anos, Pedro Bandeira dá continuidade a sua consagrada série Os Karas. A história dessa vez dá um salto no tempo e mostra os seis membros do grupo já adultos com uma vida bem sucedida. O que já era de se esperar, uma vez que cinco deles estudaram em um dos melhores colégios de São Paulo, (nunca foi mencionado aonde Peggy estudou) o Colégio Elite. Não dá para falar muito sobre o destino que cada um seguiu sem fazer Spoilers. De todos o único que dá para fazer uma pequena revelação, sem estragar a surpresa de quem irá ler, é Calu que tornou-se um grande ator. Me arrisco a dizer que ao lado de sua esposa, (que não vou contar quem é) tornaram-se um típico casal Pitt-Jolie, se é que me entendem.
Toda trama se desenrola através das recordações do líder Miguel, que ao contemplar uma fotografia relembra momentos importantes de sua turma. Fatos de como o rapaz conheceu e tornou-se amigo de Crânio, Magri, Calu e Chumbinho nos é contado de maneira cronológica. Também é revelado como e por que o grupo decidiu se juntar, como foram bolados o Código Vermelho, o Código Tênis-Polar e como começaram a usar o Código Morse. São em média dez pequenas histórias fechadas que se passam antes da aventura vivida em “A Droga da Obediência” e outras duas que se passaram depois. Ainda assim achei bastante válido os primeiros capítulos que nos mostram um bocado do caráter de cada personagem.
Ao contrário dos livros anteriores, a ação não tem um ritmo muito frenético e desenfreado, mas isso não significa que não haja uma boa fluidez entre os capítulos. Também o grau de periculosidade é bem reduzido em vista do que já acompanhamos nos primeiros livros da série. Os perigos reais se limitam apenas aos capítulos finais que nos relatam fatos ocorridos após a trama de “Droga de Americana!”. Fato compreensível, uma vez que nessas primeiras aventuras, os Karas não tinham muita experiência para viverem situações como as apresentadas em “Pântano de Sangue” ou “Anjo da Morte”, por exemplo.
Até mesmo Andrade tem um capítulo apenas para si. Fiquei satisfeito de ver o policial vivo nesse livro. Como a história base se passa em um futuro não definido, imaginei que esse personagem tão importante e querido já pudesse ter falecido. Mas o grande ‘paizão’ dos Karas se mostra o mesmo senhor careca, gentil e honesto dos livros anteriores.
Minha única bronca (lá vem um pequeno Spoiler) é com a solteirice de Crânio. Desde os primeiros livros eu já demonstrava minha simpatia pela formação do casal Crânio e Magri. Mas esse romance não se concretizou, infelizmente. Por outro lado, Miguel que sempre manteve sua postura de líder-nato e nunca antes demonstrou estar apaixonado, nesse livro aparece casado. No fim de “Droga de Americana!” confesso ter sentido um pouco de pena por ele ter terminado o livro sozinho enquanto fazia uma importante reflexão ao dar uma volta com sua bicicleta. Também achei muito ‘chavão’ seu destino em “A Droga da Amizade”.
Como estamos em época de eleições, posso dizer que gostaria muito que o Brasil tivesse um candidato a presidência como o que é proposto no livro. Pelo menos assim poderia votar com segurança em alguém tendo a esperança de que o país poderia ter uma chance de salvação. Leiam o livro para entender do que estou falando.
Minha opinião geral para “A Droga da Amizade” é positiva. Gostei de verdade dele por um todo. Vi algumas críticas sobre o mesmo no Skoob, mas que para mim não contam. Como autor sei o quanto é difícil manter o ritmo de uma história em uma continuação, o quanto é difícil inserir novidades que não deteriorem o enredo original e o quanto é difícil agradar a toda uma massa de leitores de maneira invicta. Para mim, pessoalmente, “A Droga do Amor” foi um tanto mais decepcionante. Esperava algo a mais daquele livro e do que vi foi um grande grupo quase se dissolver por conta de uma paixonite que acabou mal resolvida. Lembrando que até mesmo “A Droga do Amor” tem seus pontos altos.
Para quem já leu os cinco primeiros livros dos Karas, a emoção em reencontra-los em “A Droga da Amizade” é quase inevitável. Principalmente depois da turnê de lançamento do livro que possibilitou a vários fãs poder ver o autor Pedro Bandeira de perto, como ocorreu comigo (veja a postagem referente a esse evento aqui). Vi em algum lugar uma declaração de Pedro Bandeira dizendo que outros livros contando novas aventuras dos Karas podem surgir, mas se isso não ocorrer aceito “A Droga da Amizade” como um fim cabível e digno para esse fenomenal grupo. Sem ganchos, sem indiretas ou algo do tipo que nos faça imaginar uma possível sequência. Agora, se uma nova aventura vier, será por mim muito bem vinda.
Se você ainda não leu nenhum livro da série não adianta pegar “A Droga da Amizade” porque não desfrutará de toda experiência a qual ele se propõe. Os cinco primeiros livros podem até ser lidos em ordem aleatória que não altera a compreensão do enredo. Com a única desvantagem de que alguns detalhes referentes a aventuras anteriores se perdem para quem se propor a ler dessa forma. Portanto é melhor seguir a ordem. Então aproveite que a editora Moderna fez uma nova edição com uma nova roupagem para que os outros cinco livros possam acompanhar o lançamento de “A Droga da Amizade” e descubra todas as façanhas já feitas por esse grupo de amigos. Vida longa para os Karas, o contrário dos coroas e o avesso dos caretas.


Resenhas sobre os outros cinco livros dos Karas abaixo: