domingo, 29 de setembro de 2013

Despedida a MTV



Daqui há alguns dias a MTV Brasil transmigrará para a rede de canais á cabo. Quando recebi a notícia há alguns meses não fiquei tão surpreso. Assim como muitas pessoas fiz críticas do tipo “Já vai tarde”, ou “Não vai conseguir êxito”, mas ao ver os especiais marcando o fim dessa “Era” confesso que me sensibilizei um pouco com os relatos de Vj’s antigos e revendo os programas.
Na minha opinião os bons tempos da emissora ocorreram na década de 90, mesmo que eu tenha pego no fim. Os programas eram realmente bons e realmente traziam conteúdo. Meu primeiro contato com a MTV foi no iniciozinho de 1997. O primeiro programa que me prendeu foi “Garganta e Torcicolo” por ser uma espécie de jogo de vídeo-game. Colado a ele havia o Disk MTV. Nessa época já era a musa Sabrina Parlatore que o apresentava. O Disk era realmente um programa democrático e como minha formação musical se encontrava em seu inicio, eu acabava escutando muito do que não me agradava.
Foi na MTV que praticamente pirei com o clipe de “Do The Evolution” do Pearl Jam. Também foi em um “Fim de Semana Especial” lembrando os cinco anos de falecimento de Kurt Cobain que descobri que o Nirvana era de fato a minha banda favorita e declarei-me um fã assíduo da mesma. E mesmo conhecendo tardiamente o Grunge, ainda havia lugar para me informar cada vez mais sobre minhas bandas favoritas da época (Nirvana, Silverchair e Metallica).
No decorrer do ano 2000 vi o domínio das Boy Bands no cenário musical. Foi a primeira vez que pude perceber a desleal desvantagem que ocorria com os fãs de boa música. Ter telefone em casa era um luxo que poucas pessoas podiam se dar. Por isso muitas Patricinhas Descerebradas e com muita bofunfa para pagar uma conta telefônica, (além de não ter praticamente nada para fazer) conseguiam colocar na primeira posição do Disk por dois a três meses consecutivos algum clipe dos “Backstreet Boys”, sendo revezado por algum clipe do “N’SYNC” (não sei nem se escrevi certo), ou do “Five”. Foi quando perdi a graça de assistir ao Disk e ao Top Vinte por estarem previsíveis demais.
De 2001 a 2003 pude ser considerado um verdadeiro MTviciado, Amava assistir ao Supernova com o Marcos Mion e a Didi enquanto fazia o dever de casa ou algum desenho. E por falar em Marcos Mion, não poderia deixar de falar do Piores Clipes do Mundo. Foi uma época áurea da emissora para mim. Podia conversar com colegas de escola e amigos sobre os programas sem precisar me sentir um alienado por assisti-los.
Quanto aos desenhos muito loucos que a Mãe Diná se refere nas propagandas que anunciam a nova MTV, me lembro de assistir alguns episódios de “Aeon Flux” com a mosca sendo apreendida pelos cílios da moça e outros desenhos um tanto adultos para a minha idade naquela época como “O Cabeção” e “The Maxx”.
Minha relação com a MTV começou a oscilar a partir de 2004 quando a emissora começou a dar valor para modinhas e ao contratar pessoas sem personalidade para serem VJ’s. Pensei que ao deixar de assistir alguns programas, a falta de audiência faria a direção consertar seus “erros”, mas a situação só foi piorando. Em 2006 foi feito algo no Disk que para mim foi a gota d’água. Ter trocado a Carla Lamarca pelas gêmeas medíocres do K-Sis foi a pior coisa que poderia ter acontecido. Até hoje acho que o Disk deixou de existir por culpa delas.
Nessa mesma época e até meados de 2007 eu gostava de assistir também ao “Ya Dog” com a Luisa Micheletti, “Vídeo Clash”, “Cliperama” e “Top Top”. De 2008 em diante passei a assistir a MTV somente em ocasiões especiais. A mudança ocorrida nesse tempo em que deixou a música de lado e trouxe vários fenômenos de Internet vazios, sem graça e sem talento para mim era algo totalmente descartável. Até mesmo o VMB ficou algo completamente previsível. A resposta pelos bebês do Restart terem sido vaiados na premiação se deve ao mesmo fato que mencionei a respeito das Boy Bands. Patricinhas sem ter o que fazer e com uma internet muito rápida que provavelmente ficaram horas e mais horas lá votando. Talvez se o VMB aceitasse apenas um voto por IP nada disso ocorreria e a votação seria realmente democrática.
Alguns culpam o You Tube pela derrocada da MTV, mas para mim se essa fosse realmente a causa, não existiria mais o canal Record News, já que na internet temos notícias em tempo real sendo atualizadas muito mais rápido do que nos telejornais. O mesmo se pode dizer de tantas outras emissoras e suas atrações. Pra ser honesto acho que o fator predominante para a mudança drástica na MTV foi a simples necessidade de fazer dinheiro e acompanhar ao modismo de filhinhos de papai que tem dinheiro suficiente para mandar e desmandar. Eu serei uma das pessoas que não acompanhará a MTV nessa nova fase. Se o problema fosse simplesmente a Internet, não teriam porque despedir praticamente todos os apresentadores.
Fico triste sim, não pela MTV ter ido para a TV á cabo, mas pelo fim de uma era que urrou muito para se manter e não deu conta do recado. Fico triste porque ficou evidente que a programação de uma emissora que já foi tão autentica não voltará a seus tempos áureos (e conservadores) e que preferiu deixar seus espectadores mais fieis para acompanhar uma modinha efêmera.
Sentirei saudade de programas e Vj’s tão memoráveis quanto Soninha Francine, Cazé Peçanha, Chris Couto, Chris Nicklas, Luiz Thunderbird, Sabrina Parlatore, Marina Person, Penélope Nova, João Gordo, Gastão Moreira, Levy, Marcos Mion, Didi Wagner, Edgard Piccoli, Fábio Massari, Silvinha Faro,  Max Fivelinha, Sarah Oliveira, Léo Madeira, Rafael Losso, Felipe Solari, André Vasco, Luisa Micheletti e Carla Lamarca. E também dos antigos que não cheguei a acompanhar, Astrid Fontenelle, Cuca Lazarotto, Maria Paula, Marcio Garcia, Otaviano Costa, Rodrigo “P-Funk” Brandão e Zeca Camargo. Não sei se esqueci de alguém, mas acredito que essa galera mencionada foi que ajudou a formar uma MTV que realmente valesse a pena ser assistida e que eu tive a oportunidade de ver. Agora só me restam as fitas VHS que gravei de programas direcionados as minhas bandas favoritas, mas infelizmente também não posso vê-las porque meu Vídeo Cassete não funciona mais.

 
Abertura de Aeon Flux
 Propaganda de "O Cabeção"

Trecho de Garganta e Torcicolo
Vou sentir falta dessa galera.

Tesouros do Nirvana



Como todo bom fã do Nirvana, eu tenho todos os Cd’s oficiais de estúdio, algumas camisas, revistas, vários pôsteres e outras coisinhas relacionadas à banda. Só me faltava mesmo era ter algum livro. Sempre fui doido para ter o livro “Kurt Cobain Fraguimentos de uma Autobiografia”, mas é o tipo de livro dificerrimo de se conseguir. Comecei a ler o “Mais pesado que o Céu”, mas confesso que precisei interromper a leitura para não correr o risco de perder a admiração que tenho pelo Kurt como pessoa (em determinado trecho li que quando adolescente o rapaz pichou o muro do lugar onde trabalhava e foi obrigado a limpar seu próprio ato de vandalismo no dia seguinte. Achei uma tremenda babaquice da parte dele ter feito a pichação.). Mas esse fato foi modificado há algumas semanas quando ganhei o livro “Tesouros do Nirvana” da autora Gillian G. Gaar.
Graças ao material presente no livro muitas pessoas devem pensar que se trata de mais um caça níqueis ganancioso que explora a imagem da banda e podem até ter razão, mas nada disso retira o mérito da qualidade do trabalho em si. Na verdade esse livro foi feito voltado especialmente para fãs. O tratamento dado ao acabamento luxuoso já nos deixa sorrindo á toa somente por simplesmente retira-lo de dentro da caixa toda trabalhada.
No interior do livro além de fotos em alta definição, pôsteres e material de divulgação, encontramos verdadeiras preciosidades como réplicas de ingressos de shows, set list manuscrito e outros souvenires. Para qualquer pessoa comum esse material não possui nenhum valor, mas para um fã é algo preciosissímo. Uma curiosidade que me chamou atenção em um ingresso com show marcado para 06 de abril de 94 não foi a data em si, mas o local onde deveria ter sido feito a apresentação. Na Brixton Academy, mesmo local onde o Foo Fighters do Dave Ghrol fez um show aproximadamente um ano mais tarde. Esse mesmo show possui um registro áudio visual.
Mas o livro não sobrevive apenas de “bugigangas”. A parte escrita também agrada bastante. E o melhor de tudo, é traduzido. Algo que para quem possui o Box “With Lights Out” do Nirvana é algo um tanto frustrante. Podemos nos deslumbrar com os três Cd’s recheados de músicas e com o DVD carregado de gravações raras, mas precisamos ficar decifrando as informações presentes no livro que vem junto. Tudo bem que o livro do Box em questão é uma espécie de agenda de trabalho registrando a caminhada profissional da banda, mas ainda assim traz boas informações.
Com “Tesouros do Nirvana” o objetivo é fornecer um rico apanhado de informações sobre toda trajetória da banda englobando todos os trabalhos lançados oficialmente e contando um pouco sobre seus principais membros. Achei isso muito legal, ver que havia espaço também para Dave Ghrol e Krist Novoselic. Tudo é colocado de forma cronológica e não fica focado unicamente na parte sensacionalista da morte de Kurt Cobain.
Todas as músicas e álbuns do Nirvana recebem destaque igualado, o que me agradou bastante. Sempre acreditei que Incestcide fosse um álbum injustiçado devido ser pouco lembrado por fãs por se tratar de uma compilação. Pessoalmente o acho um trabalho incrível. Passei grande parte da minha adolescência escutando-o em fita K7, tanto que a fita arrebentou algumas vezes e tive que comprar o álbum em CD para preserva-la.
As curiosidades relatadas podem não ser grandes o suficiente para nos deixar boquiabertos, mas ainda assim são válidas. Vocês sabiam, por exemplo, que a MTV queria que os convidados do Nirvana para o Acústico fosse o Pearl Jam? (Nada contra o Pearl Jam, mas acho que se isso tivesse acontecido teria tirado o brilho da apresentação. Teria sido um tanto estranho em minha singela opinião) E que o “From The Muddy Banks of The Wishkah” deveria ter saído em 1994, mas que foi adiado devido os membros remanescentes não sentirem-se preparados para escutar as fitas ao vivo da banda devido o trauma recente?
Minha única bronca com a versão Brasileira do livro foi com algumas traduções errôneas. Como na legenda da foto em que o nome de Dave e Krist aparece errado. Também tem um erro na data para o show do Live and Loud. São erros que podem passar despercebidos em uma primeira leitura, mas que estão lá. Como as pessoas costumam dizer, nem tudo é perfeito, não é mesmo?
Pois bem, o livro em si é maravilhoso. Enquanto lia, pude sentir uma leve sensação de nostalgia. Lembrei-me de quando via especiais do Nirvana na TV. No início tudo era uma festa animada sendo embalada pelos hits da banda e tudo mais, só que ao se aproximar do ano de 94 a tensão ia aumentando e tudo ficava cada vez mais melancólico e triste. A diferença nesse caso foi que a autora não perdeu tempo formando especulações sobre a morte de Kurt.
Depois de ler tudo cheguei a uma hipótese relativa as dores de estômago sofridas pelo Kurt. Todos sempre acharam que ele possuía um problema devido sua Escoliose, outros achavam que fosse algo ligado ao uso de drogas, mas eu acredito que as dores estomacais eram provocadas simplesmente por ansiedade. O nervosismo de querer realizar um trabalho impecável e perfeito.
Por fim, o livro cumpre bem seu ideal. Mostra o lado profissional e artístico do Nirvana sem ficar escarafunchando problemas e dilemas pessoais dos membros. Se você é fã precisa dar ao menos uma olhada nesse volume da coleção intitulada de “Tesouros da Música”. Também tem livros especiais sobre os Beatles, Led Zeppelin e Queen.
Usando essa resenha como gancho, aproveito também para comentar o lançamento do Box comemorativo dos vinte anos do álbum “In Utero”. Sei que muitas pessoas irão me criticar, mas pessoalmente não espero muito desse Box e tão pouco da música até então inédita, “Forgotten Tune”. Quem pode comprovar que realmente foi gravada em 93? Dave e Krist podem ter muito bem se juntado a um guitarrista qualquer para realizar a gravação e mostra-la como se fosse inédita.
Na internet mesmo tem vários registros de fãs imitando Kurt Cobain e postando como se fosse material inédito. Para mim se essa gravação é autentica ou não esse será mais um mistério que assim como a morte do Kurt não será desvendado tão facilmente. Enquanto todo mundo deve estar aguardando a Deluxe Edition do In Utero, eu ficarei aguardando pelo lançamento do DVD do Live And Loud separadamente, assim como fiz com o DVD do Live in Paramount do Box do Nevermind. Já que é a única coisa que realmente me interessa do Box inteiro. Enquanto isso fico perfeitamente satisfeito com o livro “Tesouros do Nirvana” que ganhei.

 Abaixo a propaganda do Box do In Utero:
Abaixo o link para a matéria do site "Hoje em Dia" sobre a coleção Tesouros da música: