sexta-feira, 1 de maio de 2015

Dia do Trabalho



Eu sou de um país de conceitos completamente invertidos. Sou de um país aonde é mais fácil barganhar do que realmente merecer. Sou de um país aonde para ser melhor visto, é preciso se vitimizar e fazer-se de coitado(a) para receber bons benefícios. Sou de um país aonde é mais fácil adquirir um peixe pronto do que simplesmente aprender a pescar. Sou de um país aonde a genuína arte é vista como lixo para que o banditismo possa tomar conta de tudo sob a desculpa de falta de opção. Sou de um país aonde quanto mais se trabalha para se chegar a algum lugar, mais do fundo do poço se aproxima. Sou de um país aonde fazer grandes escolhas é sinônimo de escravidão. Sou de um país que bombardeia pessoas desarmadas que lutam por melhorias enquanto os verdadeiros vilões estão por aí dando risadas da nossa cara.
Sou de um país aonde aquele que rouba um mantimento barato qualquer para garantir a refeição da família acaba definhando na prisão e os verdadeiros bandidos continuam soltos, alguns com terno e gravata, outros com pertences tomados inescrupulosamente de um trabalhador apenas para que possam se ostentar. Sou de um país aonde encher o cú de droga se torna subsídio e desculpa para te desviar dos problemas reais.
Sou de um país aonde delinquentes aspirantes a marginais são protegidos por um escudo blindado que chamam de estatuto. Sou de um país aonde as autoridades superiores colocam seus óculos cor de rosa para não enxergar as verdadeiras mazelas do povo. Sou de um país aonde estudar é bobagem, tornar-se um excelente jogador de futebol é mais relevante. Sou de um país aonde os “pobres coitados” são mais merecedores de coisas essenciais do que aquele que labuta diariamente.
Feliz dia do trabalho para você que precisa acordar cedo todos os dias para trabalhar, tentar viver corretamente tendo de aguentar um governo vampiro que só lhe impõe mais e mais e mais e mais impostos para que um bando de vagabundos possam receber sua “bolsa preguiça” mensalmente. Esses mesmos vagabundos é que estão se proliferando e enchendo nosso país com sementes com cara de abortadas, como diria Cazuza. Parabéns para você que tem de aguentar dia após dia o peso e broncas de um patrão e perceber que para manter-se vivo nesse país falido é preciso tornar-se amargo, intolerante e desonesto.
Um brinde para toda essa hipocrisia maldita que só traz desgosto para aqueles que querem apenas viver sossegadamente sem precisar sentir-se acuados dentro de suas próprias casas e pedem apenas por mais saúde, educação, moradia e segurança. E um beijo para aqueles que não entenderam a minha ironia em alguns pontos. Hoje definitivamente, não estou para poesia.
Manifesto Pessoal.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Minha Primeira Paixão


Em seu primeiro dia de aula na nova escola, Frida acaba atravessando, sem querer, o caminho do distraído José Olímpio, mais conhecido como Pimpo. Tem início então uma pequena e inofensiva guerra particular. Enquanto Frida é uma excelente aluna e se dá bem em Matemática, Pimpo é um pequeno poeta que se entende melhor com o Português. Enquanto ela tem como bicho de estimação uma cadela, o garoto tem uma tartaruga. Enquanto a menina tem sardas e cachinhos de cabelo ruivo, ele usa óculos com armação preta e ligeiramente grossa.
As trocas de provocações e pequenas vinganças os levam a prestar mais atenção um no outro. E apesar de possuírem incontáveis diferenças, ambos descobrem o mais nobre dos sentimentos, ainda em sua forma mais ingênua e pura. Para falar um pouco mais sobre esse livro preciso contar uma breve história. Como já é do conhecimento de quem acompanha o Blog, eu marquei presença em três dias da Bienal do Livro (postagem sobre a Bienal aqui). Um dos livros que comprei no primeiro dia foi “Minha Primeira Paixão”. Depois de tê-lo procurado em minha cidade e não ter encontrado, o achei em um dos estandes do evento. Claro que não tive dúvida em comprar na mesma hora.
Na semana seguinte a compra, quando fui participar do Bate-Papo com Pedro Bandeira, levei três livros. Um deles havia sido “Minha Primeira Paixão”, mas só consegui autógrafo nos outros dois títulos que estavam comigo. Nesse Bate-Papo, por mera coincidência, descobri um pouco mais sobre a obra. Alguém fez uma pergunta sobre “Amor Impossível, Possível Amor” (resenha aqui). Eu já conhecia a história por trás da produção desse livro. O que descobri de novo foi que “Minha Primeira Paixão” se encaixa no mesmo conceito.
Pedro Bandeira recebeu de familiares o desafio de dar continuidade em histórias e rascunhos deixados por autores que faleceram antes de concluir o trabalho. O autor explicou que achou mais difícil continuar a história deixada por Carlos Queiros Telles porque era um amigo querido. E que apesar de pouco conhecer Elenice Machado de Almeida, admira muito o trabalho da autora que faleceu no ano de 1989. Ao descobrir esse detalhe, que me passou despercebido na sinopse presente na parte de trás do livro, senti mais vontade de devorar essa obra. Mas não podia furar a fila dos livros que estava lendo antes.
Ao contrário do que houve com “Amor Impossível, Possível Amor”, eu pessoalmente não consegui distinguir o ponto de onde o Pedro deu continuidade a “Minha Primeira Paixão”. A história é praticamente homogênea devido ao fato de o autor ter sido capaz de captar a essência deixada por Elenice Machado de Almeida. Achei a leitura bastante prazerosa e extremamente fácil. Se não me engano, levei pouco mais de uma hora e meia para ler tudo.
Confesso que enquanto fazia a leitura, me vi tendo recordações de quando tinha apenas treze, quatorze anos no máximo, e vivia dilemas amorosos semelhantes. Nunca fui de ficar de implicância com as garotas de quem já gostei, mas a sensação do drama colegial e toda inocência da pré-adolescência eram quase iguais. Outro fator que achei bastante interessante foi a maneira como os capítulos são expostos. Por se tratar de dois protagonistas, a história é narrada simultaneamente na primeira pessoa, intercalando o ponto de vista entre Frida e Pimpo. As ilustrações, sob um ponto de vista particular e artístico, não deixam nada a dever a outras obras.
O livro em si é bastante favorável para incentivar pessoas que estão começando a desenvolver o prazer pela leitura. Não é nenhum “Diário de um Banana” com todos aqueles desenhos, pautas de folhas de caderno, etc, mas ainda assim tenho certeza de que conquistará tantos adolescentes quanto. Por fim, mais um livro do meu autor nacional favorito a adentrar a minha coleção com orgulho. Espero que as pessoas que tiverem um exemplar desse em mão possam se divertir tanto quanto eu com os ajustes e desajustes desse jovial casal de apaixonados.

O Medo e a Ternura


A vida da jovem Esmeralda parecia estar caminhando positivamente quando a garota de quinze anos acaba sendo sequestrada erroneamente por três perigosíssimos bandidos que ao que parece, haviam fugido da prisão. A vida da jovem passa então por um enorme risco nas mãos de Frolô, Centiquatro e Pexebôi, que esperam receber uma quantia generosa em dinheiro pelo resgate da “rica” garota. Levada para o cativeiro situado em um lugar conhecido como “O Vale dos Mortos”, ela é mantida sobre a vigilância do estranho Bicho Preto. Um homenzarrão que tem deformidades físicas geradas possivelmente por problemas no parto. Enquanto o tempo corre, a vida da garota passa por verdadeiros momentos de terror. Até que percebe que de todos os horripilantes bandidos, o que menos lhe apresenta ameaça é justamente o deformado Bicho Preto. Após um longo período de desespero e com a calma já recobrada, Esmeralda deixa de ver o rapaz como uma aberração e o passa a olhar de uma maneira mais humanizada. O sentimento que gira em torno desses dois personagens não é exatamente algo como o a Síndrome de Estocolmo, onde a pessoa mantida em cárcere se vê afetivamente ligada a seu algoz. Mesmo porque o sentimento que os envolve está mais para ternura mesmo do que necessariamente paixão.
Essa é mais uma versão de Pedro Bandeira para um clássico da literatura mundial, o livro “Notre-Dame de Paris” (Nossa Senhora de Paris), do francês Victor Hugo. Mas que é popularmente conhecida por aqui através da adaptação da Disney da mesma obra, sobre o nome de “O Corcunda de Notre Dame”. Eu não assisti a versão da Disney porque confesso ter um pouco de aversão aos trabalhos da empresa. Assim, não posso fazer uma comparação das duas obras. O que posso dizer sobre esse livro, é que ele traz a já conhecida essência dos livros de Pedro Bandeira. Ação desenfreada que se inicia logo nas primeiras linhas do texto com muito mistério e um final com gostinho de quero mais.
O livro em si é curto e de facílima assimilação. Dinâmico e direto possibilita o leitor a devora-lo em poucas horas. Achei interessante o autor ter “preenchido” alguns espaços com os pesadelos de Esmeralda. O que ajudou a acrescentar o clima de suspense na trama. Como a história se mostra um tanto imprevisível, em alguns momentos me vi especulando o que poderia acontecer logo à frente. Fiquei imaginando quem seria o verdadeiro mandante daquele crime e como terminaria tudo. Também após ler a última palavra, fiquei com a curiosidade de saber o que poderia acontecer depois.
O livro traz a tona um assunto que de certa forma já é um tanto clichê. A maneira como as pessoas costumam julgar umas as outras apenas pela aparência. No caso da trama, Bicho Preto, que é o feio, é visto justamente como uma espécie de monstro. Já a bela Esmeralda é vista como “a garota rica” apenas porque estava bem aparentada no momento em que fora sequestrada. “O Medo e a Ternura” permanece com uma trama bem contemporânea. Atualmente algumas mulheres (atrizes, modelos e afins) se rendem a ditadura estética. Ditando modas, incentivando a todos a buscarem a perfeição física apenas por vaidade. A sutil lição de moral que fica ao ler o livro é aquilo que todos já estão cansados de saber, mas dificilmente praticam. A beleza que realmente importa é a interior. Mais uma recomendação que faço com toda sinceridade.

Olhai os lírios do Campo


Eugênio é um jovem médico que sempre ambicionou o conforto e o dinheiro. Desde a infância sua família sofria com a dificuldade financeira. Filho de Dona Alzira e Angêlo, o rapaz sentia vergonha de sua origem, chegando a menosprezar o pai que era um simples e esforçado alfaiate. Eugênio se envolve com Olívia, uma amiga de turma que só se tornou notável para ele após se formarem na faculdade. Uma das únicas amigas de verdade que sempre tentou fazê-lo enxergar a verdade.
Entre a árdua tarefa de exercer sua profissão e crescer profissionalmente, o jovem acaba “acidentalmente” conhecendo Eunice. Filha de família rica que se sente onipotente diante das outras pessoas, vendo-as como cobaias para suas experiências. Cego pela ganância, Eugênio se casa com a garota rica e insensível por puro interesse de adentrar na alta elite da sociedade e conseguir o conforto e estabilidade financeira com os quais sempre sonhou. Ambos mantêm um relacionamento de fachada por conveniência. É quando Eugênio descobre que Olívia, sua grande e verdadeira paixão, está passando por graves complicações de saúde. Enquanto se encaminha para vê-la, Eugênio faz sérias reflexões sobre sua conduta diante a vida. E a partir daí percebe seus erros. Decidindo corrigi-los.
Esse livro caiu nas minhas mãos não muito por coincidência. Estava eu procurando obras clássicas que pudessem me gerar inspiração na criação de um novo romance, quando uma amiga me emprestou “Olhai os Lírios do Campo”. Posso dizer que esse livro é à frente de seu tempo. Mesmo tendo sido publicado pela primeira vez em 1938, seu enredo permanece um tanto contemporâneo. A supervalorização que as pessoas dão ao dinheiro e ao status são bem abordados. Mesmo nos dias atuais várias pessoas se mantêm ocupadas demais para ter uma vida em família e para valorizar pequenos e importantes momentos. Buscando sempre enriquecer financeiramente e viver no conforto do consumismo.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira, Eugênio faz reflexões em cima das recordações de seu passado. Na segunda o personagem começa a evoluir e amadurecer notavelmente, redescobrindo pequenos prazeres que renovam o sentido a sua vida. Depois de iniciada a leitura é difícil recuar. Ao terminar um capítulo a curiosidade em saber o que irá ocorrer no próximo é grande. Mesmo com uma narrativa um pouco arrastada e mais extensa, como leitores, acabamos tendo a oportunidade de nos envolver um pouco a mais com a trama.
No início achei a vida de Eugênio semelhante à de Jesse Aarons de “Ponte para Terabítia” devido a grande pobreza vivida por sua família, mas a semelhança para por aí. Depois de moço, as ambições de Eugênio começam a ganhar proporções que nos faz acha-lo um cafajeste, mas tudo tem seu porque e alguma resolução. Absolutamente todos os personagens têm um bom desenvolvimento e sua importância. Minha única bronca foi com destino vivido por Olívia. Outro ponto que não me agradou muito foi o fato de alguns assuntos ficarem inacabados ao termino do livro. Quem ler saberá do que estou falando. Talvez essa tenha sido uma jogada proposital de Érico Veríssimo.
Como de costume, a Rede Globo fez uma adaptação dessa obra, assim como ocorreu com “O Tempo e o Vento”. Em 1980, “Olhai os Lírios do Campo” teve uma versão novelística no horário das 18hs. Naturalmente sofreu mudanças para que pudessem ser produzidos os 144 capítulos. Houve a inserção de personagens novos e o prolongamento da atuação de outros. Por exemplo, Ernesto, o irmão de Eugênio, aparenta ter uma participação mais efetiva. Como não assisti nada dessa adaptação não posso dar meu parecer. De qualquer forma, pelo menos a emissora carioca mostrava tentar valorizar o trabalho de um dos mais conceituados e famosos escritores da história da literatura nacional. Enquanto hoje em dia faz todo jogo de cartas marcadas no horário nobre e pouco dá oportunidade e auxílio a novos e possivelmente talentosos autores.
Para aqueles que têm receio de ler livros clássicos.Que acreditam que autores antigos como Machado de Assis, ou até mesmo Érico Veríssimo, são chatos. Que tentam passar longe dos verdadeiros “tijolões” de papel. Que não gostam de livros adquiridos em sebos. Essa é uma boa oportunidade para conhecer um pouco mais da Literatura Nacional e aprender a valorizar e respeitar os grandes nomes. Muitos dos quais já nem mesmo estão conosco.

O Grande Desafio


Toni é um Rapaz como tantos outros de sua idade. Bom aluno, gosta de natação, de computadores e está apaixonado por uma garota que não sabe como conquistar. Quando testemunha a prisão de Seu Afonso, pai de Carla decide desvendar o mistério por trás do acontecido. Com muita coragem e determinação, Toni deverá superar obstáculos para desvendar a verdade. O que não imaginava era que essa descoberta o levaria em direção a grandes problemas.
Quando li a sinopse não tive dúvidas em querer comprar esse livro. Naquele dia eu estava dando uma volta pela livraria sem muito dinheiro para gastar. Estava com peso na consciência por ter comprado mais Cd’s do que pretendia. O que resultou em ter verba para apenas um único livro. Foi com muita satisfação que escolhi comprar “O Grande Desafio”. Só não imaginava o que encontraria. Acreditava que teria algo agradável para desfrutar, somente por esse ser mais um livro do meu autor favorito, mas acabei surpreendido. Pedro Bandeira é o tipo de autor com a capacidade de me prender a seus livros.
Com “O Grande Desafio” algo que me chamou atenção foi o fato de o autor não revelar abertamente o drama vivido por Toni. Somente lendo a sinopse do livro não dá para adivinhar que o protagonista é deficiente visual (acho que fiz um spoiler, mas tudo bem, isso já é revelado nas primeiras páginas mesmo). Talvez a ausência dessa informação tenha sido proposital. O que em minha opinião foi uma jogada de mestre.
Foi uma maneira sutil de ir contra uma possível descriminação. Calma que já explico. Assim como muitas pessoas poderiam ter pena do protagonista ao ler a sinopse, muitos outros tratariam essa obra com descaso acreditando que a trama em si não teria graça. Só que o enredo por trás de “O Grande Desafio” é algo completamente surpreendente.
Desde as primeiras páginas a ação corre solta e sem nenhuma enrolação. Como leitores logo nos vemos envolvidos com a trama, assim como logo nos revoltamos com a injustiça vivida por Seu Afonso. Um senhor trabalhador e honesto que é praticamente forçado a confessar um crime que não praticou para proteger a integridade de sua família. Uma chantagem cretina que é praticamente enfiada garganta abaixo do homem. O pior é saber que esse tipo de coisa acontece na vida real com mais frequência do que se imagina.
Outro dia mesmo estava vendo na Tv uma matéria jornalística mostrando pessoas que foram presas erroneamente e que agora tentam levar uma vida normal e provar sua inocência. Mas esse é tema para outro tipo de discussão. Algo mais politizado. Que levante questões de direitos humanos que, no Brasil, protegem mais aos bandidos do que as pessoas de bem.
Voltando a falar do livro, Toni é um personagem muito inteligente e altamente corajoso que durante todo o tempo não fica se limitando por ser cego. Pelo contrário, é ele quem insiste em lutar com toda sua força para fazer justiça. Só que a prisão de Seu Afonso se revela ser algo muito pequeno perto da verdadeira intenção dos bandidos. Tudo se torna altamente perigoso para Toni, sua mãe Marta, para Carla e também para o cãozinho Chip, que se mostra tão destemido quanto seu dono. A vida de todos é colocada em risco.
Mesmo sem ter a deficiência visual de Toni como plano central da trama, esse assunto mostra sua importância até mesmo no suplemento de leitura. Bem no finzinho a atividade especial incentiva o leitor a escrever uma carta endereçada a alguma autoridade convidando-a a ajudar na aquisição de cães-guias para portadores de deficiência visual, uma vez que o treinamento dos mesmos é algo complicado de se conseguir. Achei altamente válido esse serviço social.
Minhas considerações finais sobre essa obra são positivas. Esse é o tipo de leitura que uma vez iniciada não se consegue interromper facilmente. Com um texto ágil e de fácil assimilação o conjunto da obra proporciona um bom momento de lazer para qualquer tipo de leitor. As ilustrações da atual edição também não ficam por fora. Os traços levemente detalhados de Kris Zullo conseguem implementar um clima todo especial. Parabéns a todos que trabalharam arduamente em cima dessa obra. Essa é mais uma recomendação minha, mas desde já advirto, devore com moderação.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Bienal do Livro de Minas 2014 (parte 2)




Depois de ansiosamente contar os dias para a chegada de mais um fim de semana para aproveitar a Bienal mais uma vez antes de seu encerramento, finalmente chegou o dia vinte e dois. No Sábado deixei para ir um pouco mais tarde. Dessa vez estava lá simplesmente pelo business, trabalho no sentido literal da palavra. Claro que antes dei uma volta para adquirir mais alguns livros e mangás. O objetivo daquele dia era assistir a uma palestra para autores independentes e interessados pelo trabalho desenvolvido pelo site da Amazon. O bate papo foi moderado pelo autor Eldes Saullo e contou com a participação das também autoras independentes Lilian Reis, Eva Zooks, e Bianca Souza. Janaina Rico também deveria ter participado, mas teve de cancelar sua presença na véspera. A troca de experiência foi até interessante. Cada uma das autoras relatou sua experiência profissional no ramo da escrita.
Eldes também revelou um pouco de como passou a se dedicar a escrita de livros de não ficção que possam ajudar a outros autores a publicar seus trabalhos com o auxílio do Amazon.com. Tive algumas dúvidas esclarecidas a respeito dessa plataforma e estou seriamente pensando no rumo que darei a alguns projetos através dessa ferramenta, mas isso é para ser estudado cautelosamente em um futuro próximo.
O que achei mais interessante nesse dia foi um fato totalmente inusitado. Encontrei nessa mesma palestra uma amiga do Skoob. Para que vocês possam entender, a maioria esmagadora de amigos que possuo no Facebook e no Skoob são pessoas ligadas a literatura que não conheço pessoalmente. Essa moça estava sentada ao meu lado e em um determinado momento disse seu nome. Se chama Poliana Costa. Nesse momento tive um estalo que me fez ligar o nome a pessoa. Ela tem o mesmo nome da minha protagonista de “Coração Paterno” e por isso, há muito tempo, a enviei um convite de amizade no Skoob. Só não esperava encontra-la naquele dia. Graças a isso percebi mais uma das vantagens proporcionadas pela Bienal do Livro. Aquele não é simplesmente um lugar apenas para apresentações e comercializações de livros. É também um espaço para encontrar pessoas em comum e trocar experiências.
Ainda falando do Sábado. Outras atrações de destaque que eu não assisti foram a participação da apresentadora do programa de culinária Pratos e Panelas no estande da Globo Minas, Fernanda Keulla. Eu apenas passei por perto, mas não dei muita atenção por não me simpatizar pelo programa da moça. Também houve a participação do humorista do Casseta e Planeta, Reinaldo para um bate papo na Bienal em Quadrinhos. Mas nesse caso só não assisti porque não queria sair muito tarde do Expominas.
Para mim aquela poderia ter sido a ultima participação na Bienal de 2014. Teria ficado amplamente satisfeito. Mas ainda faltava a cereja do bolo. O grande objetivo que me deu mais gás para ir por mais de uma vez ao evento. O bate papo com meu autor favorito, Pedro Bandeira. No Domingo, dia vinte e três, cheguei ás dez horas em ponto e tratei logo de ir para frente do Auditório João Ubaldo Ribeiro aonde ocorreria o evento. Não me importava de ficar ali plantado por duas horas. Estava muito bem acompanhado com meu aparelho de mp4 tocando as músicas do At The Drive In e do Bad Brains. Além da minha camisa com uma mensagem da Clarice Lispector. Como Pedro Bandeira não foi divulgado pelos meios de comunicação como uma presença de destaque não pensei que haveria tantas pessoas no local. A fila foi aumentando aos poucos e mesmo depois da distribuição de senhas continuava a chegar gente.
Depois de adentrar no auditório fiz questão de me sentar logo na primeira fileira para fazer alguns vídeos. Antes da entrada do Pedro houve uma surpresa deixada estrategicamente embaixo de uma das cadeiras. Era um ‘presentinho’ fornecido pela Café Três Corações. A garota que encontrou o vale-brinde adquiriu uma cafeteira.
O bate papo foi mediado por Elias Santos. Quem mora aqui em BH o conhece. Ele é apresentador do programa Caleidoscópio na TV Horizonte. Atualmente o moço está de licença e retornará apenas em 2015 a TV. Sem lisonjeios, mas gosto da maneira despojada com a qual o Elias conduz esse tipo de atividade. O acho um ótimo comunicador.
O ambiente em si estava bastante descontraído. O autor foi recebido por salvas de palmas. Como havia muitas pessoas ainda querendo adentrar e não tinha mais cadeiras disponíveis, Pedro chamou a todos que se encontravam do lado de fora e os incentivou a sentarem-se no chão. Essa é uma prova do bom coração que ele tem. Se fosse um global babaca qualquer teria mandado fechar a porta e nem daria a mínima para quem perdesse ao bate papo.
Cada pessoa ali tinha alguma história para compartilhar a respeito de como as obras do Pedro as tocou. Teve uma moça que mostrou uma carta respondida pelo autor quando a jovem tinha apenas quinze anos. Teve uma mãe que se orgulha em mostrar como sua filha está adquirindo gosto pela leitura através dos livros do Pedro, assim como ela mesma o fez ainda na adolescência. Também teve uma jovem com deficiência auditiva parcial que contou como os livros do Pedro a levaram a conhecer outros autores  até chegar a Coleção Vagalume. Enquanto a conversa corria, uma mulher ia carimbando o famoso K nos livros dos visitantes. Dessa vez não esqueci de pedir pelo meu. Para uma possível sessão de autógrafos levei um exemplar de “A Droga da Obediência”, “Agora Estou Sozinha” e o recém comprado por mim, “Minha Primeira Paixão”.
Foi tão agradável todo aquele momento que nem mesmo vi a hora passar. Só tenho elogios sobre o jeitão do Pedro de lhe dar com seus leitores. Ele é a simpatia em pessoa e até se lembrou de mim. Não pelo meu nome, afinal são muitos leitores que passam por ele em todos os eventos em que marca presença, mas pela minha fisionomia e pelo ato que fiz no lançamento de “A Droga da Amizade” aqui em BH. Para economizar tempo e agilizar a movimentação no local, cada pessoa poderia apenas levar um único livro para ser autografado. Nesse caso escolhi “Agora Estou Sozinha” porque no início desse ano evitei que uma colega de trabalho o jogasse no lixo. A garota que estava sentada ao meu lado me pediu para fazer uma foto dela com o Pedro. Não vi problema em realizar esse favor. Também já havia tido esse mesmo momento há alguns meses no lançamento de “A Droga a Amizade”. Para a minha surpresa, ela quis retribuir o favor levando outro livro meu para ser autografado. A emprestei “A Droga da Obediência”. Como estava sozinho nesse dia não tirei nenhuma foto ao lado do Pedro, mas além dos vídeos tenho agora mais dois livros autografados por.
 Na hora de sair do auditório a vontade que tinha era a de permanecer por lá. Queria ficar conversando mais e mais com meu autor favorito. Trocar ideias, jogar conversa fora, usufruir da presença dele o máximo de tempo possível. Para mim o Pedro é muito mais do que um ídolo ou um mestre literário. Ele é um amigo querido. Não sei quando Pedro Bandeira voltará a BH, mas farei o possível para ir ao encontro dele mais uma vez. Depois do encontro com o Pedro dei mais uma volta pela Bienal mesmo sem ter mais nada para comprar. O lugar já estava bem mais vazio em vista dos primeiros dias. A vantagem de comprar livros no ultimo dia é o desconto que é dado na maioria das vendas. A desvantagem é que dificilmente se encontra algo desejado, já que a maioria dos exemplares estão em falta por terem sido vendidos nos dias anteriores.
Sei que muitas pessoas trabalharam para fazer a Bienal dar certo (pelo menos sob o meu ponto de vista), mas acredito que até mesmo essas pessoas tenham se divertido em meio a tanta trabalheira. Enquanto caminhava pela passarela do Metrô para voltar para casa, senti uma repentina tristeza. Como gostaria que BH tivesse mais eventos como a Bienal.
E esse foi de fato o encerramento da minha participação na Bienal do Livro em 2014. Dessa vez me senti recompensado depois dos problemas ocorridos em 2012. Valeu e muito a pena ter ido mais de uma vez. Queria ter ido outras vezes para participar de mais bate papo na Conexão Jovem, ter assistido ao Café Literário, ter conhecido o trabalho de tantos outros autores, mas não entendam mal, não estou me lamentando. Mesmo não tendo visto tantas outras atrações de destaque, aproveitei e muito a tudo aquilo. Pena que vá demorar para ter outra edição. Se ainda estiver por aqui, com certeza marcarei presença. Abaixo algumas fotos dos bens adquiridos nessa nova visita. Não fiz outras fotos de dentro do Expominas para não tornar essa postagem tão repetitiva.


Isso aqui era para ser um vídeo, mas como ficou muito grande. Acabou ficando em gif mesmo.


Mimos e lembranças do Sábado.

Menores Livros do Mundo. Dessa vez não resisti.

O K dos dias de hoje no livro de uma das edições antiguésimas que tenho de "A Droga da Obediência".

Autógrafo em "Agora Estou Sozinha". Esse livro foi 'descartado' duas vezes, mas eu o adotei e valorizei. Ficará comigo sempre.
Autógrafo brinde.



O K em "Minha Primeira Paixão". O livro não tem nada a ver com a série dos Karas, mas achei importante guardar essa lembrança de todas as formas possíveis.
Visita a Cômix dá nisso.

Essa é para dar vontade. Camisa com frase da Clarice adquirida na Tertúlia.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Bienal do Livro de Minas 2014 (parte 1)





Durante essa segunda quinzena de Novembro, como já faz parte do conhecimento de muitos de vocês, Belo Horizonte está recebendo dois eventos Literários de suma importância. São eles o Circuito Cultural da Praça da Liberdade com uma programação voltada especialmente para a literatura e a Bienal do Livro. Como a droga da Copa do Mundo foi sediada no Brasil, a Bienal que normalmente é realizada nos primeiros meses do ano teve de ser prorrogada. O que fez chocar os dois acontecimentos e que para mim foi quase uma covardia, já que tive que optar por participar apenas de um deles. Por estar aguardando há mais tempo, após os ocorridos de 2012, decidi participar da Bienal mesmo. Como só posso ir aos fins e semana, deixei para ir ao segundo dia do evento, embora tenha ficado morrendo de vontade de ir logo na estreia.
Não tenho muito que falar, afinal o evento já é bem conhecido dos participantes das outras três edições. O que irei relatar aqui se refere a minha primeira participação nessa edição de 2014, que ocorreu no feriado do dia quinze. Não dá para mostrar absolutamente todos os estandes e atrações porque realmente é muita coisa.
Logo de cara ao ver o mapa do evento já são altamente perceptíveis algumas homenagens a importantes autores nacionais, e membros da Academia Brasileira de Letras, que nos deixaram nesse ano. Algumas salas foram batizadas com seus nomes. Tem a Biblioteca Infanto juvenil Rubens Alves, o Auditório João Ubaldo Ribeiro e o Auditório Ariano Suassuna.
A programação em geral está bem bacana e variada. Sugiro a quem quiser que vá com tempo livre. Dependendo do que se procura, pode-se ficar uma tarde inteira por lá comprando ou somente participando das demais apresentações. Para as grandes atrações que participam do Café Literário, por exemplo, há um limite de participantes. Sendo preciso a distribuição de senhas antes das palestras e bate papo. Portanto se souber da participação de alguém cujo o trabalho lhe interesse, tenha em mente chegar com antecedência a atividade programada.
 Apesar de oferecer entretenimento para todas as faixas etárias, notei que nesse ano o foco mesmo são as crianças. Tem MUITA coisa exclusivamente para os pequenos. De contações de histórias e atividades, a bancas inteiras com livros e materiais lúdicos pedagógicos. Para os adolescentes aficionados pela cultura nipônica, e também norte americana, novamente o estande da Comix marca presença recheada de mangás e HQ’s. O único problema são a lotação na banca e o preço não muito sugestivo de alguns produtos. Para os pré-adolescentes que curtem a Turma da Mônica Jovem, o estande da Panini veio para fazer a graça. Apesar de também trazer alguns títulos da Marvel Comix a Turminha jovem do Maurício de Souza está com um destaque maior e não apenas no estande em questão, mas também em muitos outros.
Quanto ao estande da Livraria Leitura não posso dar um parecer porque simplesmente não consegui entrar. Estava lotada e contou com a presença de Laura Conrado, autora de “Freud Me Segura Nessa”, “Só Gosto De Cara Errado” e “Freud Me Tira Dessa”. O estande da loja da Saraiva esteve quase igualmente lotado, com direito a fila para o caixa e funcionários se espremendo para atender a todos. Tanto que apenas não vi a participação da Adriana Calcanhotto no Café Literário porque estava na fila para o caixa no momento da distribuição das senhas.
Os estandes que foram mostrados no MGTV vendendo livros a partir de cinco reais, realmente parecem tentadores, mas o problema ali é a forma como os livros foram distribuídos. Tudo fora de ordem. Não tem separação de gêneros, ordem alfabética de títulos ou autores, nada do tipo. Tem que ter muita paciência ao olhar um a um dos livros, além de precisar ter sorte em encontrar aquele livro que você estava procurando há muito tempo e o avistou assim, por acaso. Realmente é um saldão daqueles exemplares que não foram vendidos na loja física e estão sendo comercializados a um preço bem baixo.
E por falar em MGTV, o estande da Globo Minas assim como na edição anterior da Bienal, conta com um efeito cenográfico aonde as pessoas se posicionam em frente a um cenário de fundo verde, também conhecido como Chroma key, e cuja a imagem é projetada para uma tela ao lado. Como se o participante estivesse em um programa ao vivo da emissora. O cenário sugere uma cozinha e as imagens do telão são daquele programa Pratos e Panelas. Sinceramente não vejo graça nesse tipo de atividade. Talvez se vocês forem com uma turma de amigos para ficar um rindo das palhaçadas do outro, isso renda algum divertimento.
Tem também o estande do Kindle que trás novidades na parte dos E-Books. Confesso que o preço do aparelho está bem acessível, mas ainda prefiro a forma impressa de livros. O estande dos Menores Livros do Mundo não mudou praticamente nada. Muitos se encantam com o tamaninho dos exemplares, outros não veem nada demais. Algo que achei bem interessante foi o estande Tertúlia Brasília que trouxe vários produtos ecológicos feitos de forma reciclável com estampas referentes a personalidades da cultura Brasiliense. Têm lixeiras ecológicas, blocos de notas, flâmulas, camisas, tapetes e até almofadas com frases ou fotos de escritores, astros da música e outras celebridades. Eu quase comprei uma almofada com a foto do Renato Russo, mas achei meio exagerado da minha parte. Gosto de Legião, mas não é para tanto. Se pelo menos fosse uma camisa.
Mas além das atividades literárias, a Bienal também agrega outros serviços para maior comodidade de seus visitantes. Então, ficaram andando pelo lugar e de repente bateu aquela fome? Não tem problema, além de uma praça de alimentação, também tem várias bancas aleatórias vendendo suas guloseimas em alguns cantos. Mas aqueles que querem emagrecer não irão gostar muito dessa notícia, já que a maioria do que vi sendo comercializado é comida altamente calórica e sedentária. Eu vi carrinho de pipoca, de churros (lembrei do Chaves, juro), sorvete, cachorro quente, etc. O único pedido que deixo aos visitantes é que tenham um pouco de educação e mantenham o lugar limpo. Ao comprar pipoca ou outro tipo qualquer de alimento, não derramem no chão. Eu vi montes de pipoca espalhados pelo carpete e não pareciam ter caído acidentalmente.
Acabou os créditos do celular e você precisa efetuar uma ligação? Também não tem problema, existem alguns telefones públicos no local. Tomou muito suco e precisa se aliviar? Lá naturalmente tem dois banheiros, um feminino e um masculino. Pois bem, a estrutura e serviços foram altamente bem organizados e planejados. Pelo menos isso, não é mesmo? Seria injusto se para a Fifa Fan Fest o espaço fosse preparado com uma estrutura magnífica e impecável e para a Bienal ter algo que deixasse a desejar. O intervalo de dois anos para quem gosta desse evento é muito grande. E convenhamos, Belo Horizonte não costuma receber muitos eventos literários desse porte.

Enfim, se vocês procuram realizar um passeio com família ou amigos, não percam tempo em ir ao Expominas. Lembrando que a Bienal vai até o próximo Domingo, dia vinte e três. Quem for não se arrependerá de um passeio que não deixa nada a dever a uma volta no Parque Municipal, Praça da Liberdade ou qualquer outro lugar público de Belo Horizonte. Os ingressos estão a um preço de dez reais a inteira e cinco a meia. Para quem for de metrô tem um descontinho de vinte por cento, basta apresentar o bilhete no guichê. Maiores informações no site oficial. Abaixo estão algumas fotos que fiz de relance.

Fiz um vídeo bacana dessa apresentação, mas ficou muito pesado para colocar aqui. Quase um Giga de espaço.

Cosplays? Não necessariamente. Um agrado para as criancinhas fãs do trio congelante da animação "Frozen".

Pratos e Panelas... Só que não.

Estande da Gutenberg dando destaque para Paula Pimenta.

Panini destacando a Turma da Mônica.

Bienal em quadrinhos criando tirinhas ao vivo.

Comix dispensa apresentação.



Livros lúdicos para as crianças.



Mais uma banca com muita coisa para as crianças.

Kindle com promoção especial apenas para a Bienal.





Café Literário com paredes de vidro, permitindo que até mesmo as pessoas que estão de fora possam assistir as palestras e bate papo.

Praça de alimentação.

Acha mesmo que só irei uma vez? Claro que voltarei.

Além dos livros, comprei também um chaveiro do nosso fanfarrão Ferris Bueller.