Depois de um hiato de quase quinze anos, Pedro
Bandeira dá continuidade a sua consagrada série Os Karas. A história dessa vez
dá um salto no tempo e mostra os seis membros do grupo já adultos com uma vida
bem sucedida. O que já era de se esperar, uma vez que cinco deles estudaram em
um dos melhores colégios de São Paulo, (nunca foi mencionado aonde Peggy
estudou) o Colégio Elite. Não dá para falar muito sobre o destino que cada um
seguiu sem fazer Spoilers. De todos o único que dá para fazer uma pequena
revelação, sem estragar a surpresa de quem irá ler, é Calu que tornou-se um
grande ator. Me arrisco a dizer que ao lado de sua esposa, (que não vou contar
quem é) tornaram-se um típico casal Pitt-Jolie, se é que me entendem.
Toda trama se desenrola através das recordações do
líder Miguel, que ao contemplar uma fotografia relembra momentos importantes de
sua turma. Fatos de como o rapaz conheceu e tornou-se amigo de Crânio, Magri,
Calu e Chumbinho nos é contado de maneira cronológica. Também é revelado como e
por que o grupo decidiu se juntar, como foram bolados o Código Vermelho, o
Código Tênis-Polar e como começaram a usar o Código Morse. São em média dez
pequenas histórias fechadas que se passam antes da aventura vivida em “A Droga
da Obediência” e outras duas que se passaram depois. Ainda assim achei bastante
válido os primeiros capítulos que nos mostram um bocado do caráter de cada
personagem.
Ao contrário dos livros anteriores, a ação não tem um
ritmo muito frenético e desenfreado, mas isso não significa que não haja uma
boa fluidez entre os capítulos. Também o grau de periculosidade é bem reduzido
em vista do que já acompanhamos nos primeiros livros da série. Os perigos reais
se limitam apenas aos capítulos finais que nos relatam fatos ocorridos após a
trama de “Droga de Americana!”. Fato compreensível, uma vez que nessas primeiras
aventuras, os Karas não tinham muita experiência para viverem situações como as
apresentadas em “Pântano de Sangue” ou “Anjo da Morte”, por exemplo.
Até mesmo Andrade tem um capítulo apenas para si. Fiquei
satisfeito de ver o policial vivo nesse livro. Como a história base se passa em
um futuro não definido, imaginei que esse personagem tão importante e querido
já pudesse ter falecido. Mas o grande ‘paizão’ dos Karas se mostra o mesmo
senhor careca, gentil e honesto dos livros anteriores.
Minha única bronca (lá vem um pequeno Spoiler) é com a
solteirice de Crânio. Desde os primeiros livros eu já demonstrava minha
simpatia pela formação do casal Crânio e Magri. Mas esse romance não se
concretizou, infelizmente. Por outro lado, Miguel que sempre manteve sua
postura de líder-nato e nunca antes demonstrou estar apaixonado, nesse livro aparece
casado. No fim de “Droga de Americana!” confesso ter sentido um pouco de pena
por ele ter terminado o livro sozinho enquanto fazia uma importante reflexão ao
dar uma volta com sua bicicleta. Também achei muito ‘chavão’ seu destino em “A
Droga da Amizade”.
Como estamos em época de eleições, posso dizer que
gostaria muito que o Brasil tivesse um candidato a presidência como o que é proposto
no livro. Pelo menos assim poderia votar com segurança em alguém tendo a
esperança de que o país poderia ter uma chance de salvação. Leiam o livro para
entender do que estou falando.
Minha opinião geral para “A Droga da Amizade” é
positiva. Gostei de verdade dele por um todo. Vi algumas críticas sobre o mesmo
no Skoob, mas que para mim não contam. Como autor sei o quanto é difícil manter
o ritmo de uma história em uma continuação, o quanto é difícil inserir
novidades que não deteriorem o enredo original e o quanto é difícil agradar a
toda uma massa de leitores de maneira invicta. Para mim, pessoalmente, “A Droga
do Amor” foi um tanto mais decepcionante. Esperava algo a mais daquele livro e do
que vi foi um grande grupo quase se dissolver por conta de uma paixonite que
acabou mal resolvida. Lembrando que até mesmo “A Droga do Amor” tem seus pontos
altos.
Para quem já leu os cinco primeiros livros dos Karas,
a emoção em reencontra-los em “A Droga da Amizade” é quase inevitável.
Principalmente depois da turnê de lançamento do livro que possibilitou a vários
fãs poder ver o autor Pedro Bandeira de perto, como ocorreu comigo (veja a
postagem referente a esse evento aqui). Vi em algum lugar uma declaração de
Pedro Bandeira dizendo que outros livros contando novas aventuras dos Karas
podem surgir, mas se isso não ocorrer aceito “A Droga da Amizade” como um fim
cabível e digno para esse fenomenal grupo. Sem ganchos, sem indiretas ou algo
do tipo que nos faça imaginar uma possível sequência. Agora, se uma nova
aventura vier, será por mim muito bem vinda.
Se você ainda não leu nenhum livro da série não
adianta pegar “A Droga da Amizade” porque não desfrutará de toda experiência a
qual ele se propõe. Os cinco primeiros livros podem até ser lidos em ordem aleatória
que não altera a compreensão do enredo. Com a única desvantagem de que alguns detalhes
referentes a aventuras anteriores se perdem para quem se propor a ler dessa
forma. Portanto é melhor seguir a ordem. Então aproveite que a editora Moderna
fez uma nova edição com uma nova roupagem para que os outros cinco livros
possam acompanhar o lançamento de “A Droga da Amizade” e descubra todas as
façanhas já feitas por esse grupo de amigos. Vida longa para os Karas, o contrário dos coroas e o avesso dos
caretas.
Resenhas sobre
os outros cinco livros dos Karas abaixo:
Qual a profissão que cada um dos Karas seguem????
ResponderExcluirOlá. Algumas carreiras ficaram subentendidas. O Pedro se focou em escrever mais sobre a origem do grupo do que os caminhos que cada um seguiu separadamente. O Crânio, por exemplo, é o único a não aparecer no grande desfecho. Já as carreiras que foram abertamente reveladas, conforme escrevi na resenha, não dá para contar sem estragar a surpresa de quem for ler pela primeira vez. O caminho trilhado pelo Miguel, por exemplo, é o grande ponto alto de todo o desfecho.
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