Sim,
eu sei que essa é a terceira postagem voltada para a música este mês, mas é que
após a triste notícia da morte do Peu, veio o grande dia de eu ver esse
aguardado filme. Desde o início do ano esperava pela estreia e tentei ao máximo
não ficar tão ansioso para não sofrer nenhuma possível decepção. No meiosinho
do ano passado eu fiquei sabendo das duas produções cinematográficas que
abordariam a vida e a obra de Renato Russo. Vou confessar que não esperava
muito de nenhuma das duas porque o Brasil tem o péssimo hábito de não dar
importância para produções nacionais. Tudo o que temos de destaque nos cinemas
são comédias que são em sua maioria desnecessárias. Além do tão falado “Central
do Brasil” que até hoje não entendo porque concorreu ao Oscar.
Bem,
voltemos então a falar de “Somos tão Jovens”. O filme aborda a adolescência do
icônico líder da Legião Urbana, Renato Russo. Começando logo quando foi
descoberta a Epifisiólise no jovem e termina quando a Legião foi formada e se
preparava para ir para o Rio de Janeiro. Na verdade eu só quis mesmo ir ver ao
filme no cinema por causa do som. Me tornei um fã legítimo da Legião Urbana
depois de ver o “Capital Inicial Especial MTV Aborto Elétrico”. A primeira
banda do Renato Russo abriu meus ouvidos para o rock de Brasília, em especial
para os primeiros álbuns da Legião Urbana. (Para ver a postagem que fiz
referente à Legião Urbana basta clicar aqui). Sabendo da parte musical do filme
logo me interessei em ouvir o Aborto Elétrico no sonzão de qualidade do cinema.
A história em si também é muito bem elaborada. Tem alguns momentos em que nos
perguntamos se realmente tudo aquilo aconteceu, assim como tem alguns
trechos nos quais acontecem coisas das quais os mais informados já sabem que é real.
Não
vou falar das cenas do filme para não estragar a surpresa de quem pretende ir
vê-lo. Então falarei da minha impressão a respeito da parte técnica e
artística. Sei que muitas pessoas torceram o nariz para o ator Thiago Mendonça,
mas eu pessoalmente achei toda a escalação de elenco muito boa. Todos os atores
possuem uma semelhança incrível e também todos interpretaram de maneira
impecável. Dá para sentir a sinceridade e entrega de cada um, mesmo os que
pouco aparecem. A fotografia do filme é outro ponto que me fascinou bastante,
os ambientes, os equipamentos utilizados pelas bandas, até mesmo a lanchonete
Foods e o caminhão que a turma de Brasília usava para realizar os shows ficaram
idênticos aos vistos nas fotografias antigas. Percebe-se que foi feito um
trabalho altamente minucioso para chegar a esse resultado. Mais um ponto forte
é o figurino. A caracterização geral ficou fantástica.
Logo
no início do filme a impressão que tive foi a de que todos da equipe devem
ter trabalhado muito pesado para trazê-lo para as telonas. E que só foi
possível realiza-lo graças ao apoio de grandes e poderosas empresas. Como eu
disse acima, para o Brasil é melhor investir em uma porra de um esporte
que não ajuda ninguém a nada e ainda arrecada um lucro absurdo que não é
utilizado em nenhuma melhoria vital como saúde e educação. Infelizmente para o
Brasil cultura é ver um bando de marmanjos correndo atrás de uma droga de
bola estúpida.
Confesso
que em toda a minha vida nunca senti tanta vontade de ir ao cinema assistir a
um filme tanto quanto foi agora. “Somos Tão Jovens” é um registro que vale a
pena de ver por vários motivos. Mesmo já conhecendo bem alguns acontecimentos
retratados no filme ainda foi algo diferente de se ver. Muitos já tentaram
realizar produções que homenageassem Renato Russo, mas a grande maioria pecou
em um ponto ou outro. Como aquele especial da Globo, “Por Toda minha vida”. O
ator que interpretou o Renato pode até ter feito uma atuação aceitável, mas ele
era um ator e não um cantor. A voz do mesmo não chegava nem perto da voz do
Renato. Tinha um tom sonoro muito baixo. Já com os atores de “Somos Tão Jovens”
a história foi diferente. Absolutamente todos realmente tocaram seus
instrumentos e os vocalistas cantaram pra valer. Não teve nada de Playback.
Graças ao grande produtor musical, antigo tecladista da Legião e amigo de
Renato Russo, Carlos Trilha.
Adorei
as cenas com o guitarrista André Pretorius. O sotaque característico dos
gringos presente no personagem foi algo bem interessante. Me identifiquei muito
com o jeitão rebelde e revoltado do cara. A cena do show com ele tocando foi
simplesmente visceral. Pena que foram poucas as cenas do personagem. Também confesso que me identifiquei com o Renato Russo em alguns
pontos, como o inconformismo de ver o país ameaçar ruir e ninguém manifestar
nenhum desejo de mudança. E também a vontade de fazer algo sem precisar ter que
dar satisfação a ninguém. Além da vontade de realizar algo grande de verdade que faça as pessoas contestarem.
Uma
atriz que me surpreendeu bastante foi a Laila Zaid. Eu já a conhecia da
novelinha adolescente Malhação do tempo em ela interpretava a estudante Bel. A
raiva maior que eu tinha daquela personagem era o fato de ela roubar várias
gírias que eu costumava usar na época. Sem contar que são pouquíssimos atores
que passam pela Malhação e mostram um talento verdadeiro. A Aninha ficou
incrível. A cena dela e do Renato que mais gostei foi a parte em que o
Renato toca “Ainda é Cedo” pela primeira vez. Além da cena ser maravilhosa, dá
para sentir uma forte sinceridade emocional e um amadurecimento nas composições
do Renato Russo.
Outra
personagem que atuou na Malhação (como a Rita, também conhecida na novela como
a ‘garota do buraco’) e que parece realmente estar despontando no cinema
nacional é a atriz Olívia Torres que interpreta a Gabriela. Mas as cenas dela
foram poucas perto dos outros personagens. As citações de alguns trechos de
canções de Renato Russo foram bastante exploradas. Participações de pessoas
presentes na vida do músico também foram inseridas de forma bem sutil. Destaque
para Philippe Seabra da Plebe Rude que interpretou o prefeito de Patos de Minas
- MG, cidade onde ocorreu o primeiro show da Legião. Giuliano Manfredini, filho
de Renato Russo também fez uma pequena participação, além de Carmem Teresa,
irmã do Renato. Mas não irei revelar em que momento ocorrem essas duas
participações.
Fazendo
uma pequena comparação com outras produções que retratam a vida de algum
musico, achei “Somos Tão Jovens” a melhor que já vi até agora. O filme “Cazuza
- O Tempo Não Para” contando a vida do Cazuza me desapontou e muito. Se o
Cazuza era tudo aquilo que foi mostrado no filme, para mim ele não passava de um filhinho
de papai que possuía uma cabeça de vento que preferia ter milhões de amigos
podres a ter poucos verdadeiros. (Sei que enfrentarei uma série de críticas
sobre esse comentário, mas opinião é opinião. Tenho todo o direito de não
gostar de coisas das quais outras pessoas gostam. Assim como muitas pessoas tem
todo o direito de detestar coisas das quais eu tanto gosto.).
Outro
filme baseado em vida de músico que eu simplesmente odiei foi o tão aclamado “Last
Days” que foi baseado nos últimos dias de vida de Kurt Cobain. Vou abster meu
ponto de vista sobre esse filme porque realmente o detestei. Também tem aquele
filme “Singles - Vida de Solteiro” que se baseou na cena musical de Seattle no
início dos anos noventa. A história é legalzinha, mas o filme em si é bem fraco. O que
vale a pena nele são apenas a trilha sonora e a participação de músicos no
longa.
Bom,
sobre “Somos Tão Jovens”, acho que já falei tudo sem fazer Spoiler. Então não
percam tempo em ir ao cinema não apenas para prestigiar o cinema nacional, mas
também para apreciar uma verdadeira obra de arte digna de prêmios. Dentre eles,
poderia até ser indicado ao Oscar. Para quem já assistiu ao Documentário “Rock
Brasília: Era de Ouro” e ao “Capital Inicial Especial MTV Aborto Elétrico” fica
mais fácil entender alguns acontecimentos do filme, mas isso não impede quem
ainda não os viu a ter uma boa compreensão do longa também. Espero ainda poder ver ao
filme mais vezes antes dele sair de cartaz para poder reparar em detalhes que
não reparei de primeira. Mas se não conseguir também não importa porque com
certeza comprarei o DVD quando sair.
Ah,
só mais uma coisinha, no fim do mês irá estrear nos cinemas o filme “Faroeste
Caboclo”, baseado na canção de mesmo nome e que demorou muito mais para estrear
do que “Somos Tão Jovens”. Mas para esse filme eu posso até esperar chegar em
DVD. A empolgação estava em cima de “Somos Tão Jovens” mesmo. Abaixo deixarei
um vídeo e o link para um blog voltado a “Somos tão Jovens” e um vídeo. Enjoy.
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