sábado, 9 de fevereiro de 2013

Novela Top Model




Bom alguns de vocês podem até estranhar o fato de eu fazer uma postagem a respeito de uma novela, mesmo porque eu pessoalmente não gosto de novelas, mas para tudo se tem uma explicação antes de ocorrerem condenações. Eu pessoalmente acho que a teledramaturgia brasileira por mais elogiada que seja, está deixando a desejar. Os enredos a meu ver estão hora fracos demais, hora apelativos demais. Quando criança eu acompanhava muitas novelas da quais noventa por cento não me recordo com muita clareza. Mas pelo que me lembro as novelas já tiveram mais conteúdo distribuído pelos horários e os artistas de suas respectivas épocas tinham mais talento a demonstrar.
Tá certo que a novela está ali na TV apenas para proporcionar ao telespectador um momento de distração, mas espera aí. Qualquer tipo de arte deve ser feito com carinho para seus admiradores. Não é só colocar um amontoado de lixo televisivo para encher horário em troca de alguns pontos de audiência. Não é só tratar de assuntos banais e medíocres que trarão satisfação as pessoas. A programação brasileira atual está horrível em minha singela opinião. E ficar pagando TV à cabo é simplesmente encher os bolsos das indústrias de telefonia e emissoras (esses parasitas sangue sugas). Mas nem tudo está perdido.
Voltando a falar da Novela Top Model. Como disse acima, me lembro vagamente das novelas que vi em minha infância. Com Top Model não foi diferente. Tudo do que me lembrava era do bordão da personagem Naná e da trilha sonora da novela. Fato esse citado em uma outra postagem minha que fiz aqui.
Pois bem, após fazer aquela postagem fiquei curioso para assistir novamente a essa novela, pois quando criança eu a adorava, mas já não me lembrava do por que. Aquela curiosidade foi me cutucando até que resolvi procurar trechos da novela pelo YouTube, afinal dá para encontrar arquivos caseiros por lá. Me surpreendi quando encontrei capítulos inteiros. Foi quando conheci o Canal Viva que estava reprisando a novela na íntegra. Reconheço que a proposta do canal é muito boa para valorizar o trabalho de uma equipe grandiosa que pouco tempo depois da execução de uma novela acaba sendo esquecida. A única desvantagem é que é mais um canal pago.
Enfim, acabei assistindo ao primeiro capítulo de Top Model e quando terminei não saia da minha cabeça a ideia de que ‘novela boa é novela antiga’. O enredo da trama me agradou um bocado, me vi então com vontade de assistir a mais capítulos, mas confesso que senti um pouco de vergonha no início. Algum tempo se passou e os capítulos finais foram transmitidos. Foi quando resolvi deixar de lado a vergonha e acompanhar definitivamente a história. Essa semana terminei de ver todos os capítulos e após acompanhar todos os cento e noventa e sete, resolvi postar minha opinião sobre a trama no geral.
Se for parar para pensar, Top Model é uma novela feita para jovens. Tem um elenco formado por vários adolescentes e busca também retratar algumas questões vividas por esses jovens. A parte adulta da novela também é bem construída. Acho que foi todo esse conjunto que me atraiu de alguma forma. No princípio me identifiquei um pouco com o personagem Lucas porque ele desenha muito bem. O rapaz só entrou na roubada de ajudar a um amigo de infância em um assalto para ajudar a mãe que estava doente.
Mas com o decorrer dos capítulos acabei me envolvendo mais também com os demais personagens. Todos tem uma importância inquestionável para todo o decorrer da trama. Como deixar de citar as confusões vividas pela família Kundera? O lar do surfista quarentão Gaspar com seus cinco filhos, todos gerados de mães diferentes que abandonaram o amante das ondas. Também tem o lar do famoso empresário Alex, um homem completamente oposto a seu irmão Gaspar, sendo uma pessoa fria e calculista que faz de tudo para manter a fama da confecção Covery. Pois bem, todo esse núcleo me encheu os olhos.
Prefiro não entrar muito em detalhes da história porque acabarei deixando algum spoiler para alguém que possa querer ver a novela. Apenas o que posso dizer é que a trama acabou sendo dividida em duas “fases”, mas isso não alterou a qualidade em nada. Na primeira fase vemos a situação de Lucas como um fugitivo da justiça que encobre Grilo, seu amigo de infância com quem fez um assalto que terminou na morte de um empresário. Já na segunda fase enquanto a situação de Lucas se resolve momentaneamente, o rapaz passa por uma reviravolta gigantesca em sua vida pessoal e social. Também na segunda fase os problemas da família Kundera são abordados com mais profundidade. Vemos o vilão Alex cometendo atos inescrupulosos ao mesmo tempo em que recorda fatalidades nas quais se envolveu no passado.
Como telespectador, eu me vi cada dia mais ligado com a história e admirando alguns personagens. A atuação de todo o elenco, sem exceção, foi magistral. Até mesmo os estreantes deram um show. Me arrisco a dizer que os jovens de hoje atuantes da novelixo Malhação, deveriam aprender com os atores mirins daquela época como se deve fazer. Todos os atores atuaram de maneira tão natural que nos faz sentir parte da história indiretamente. Eu por exemplo, praticamente me apaixonei pela personagem da Eva Todor, a Morgana. No início pensei que não iria gostar dessa personagem. Pensei que a Morgana seria mais uma vigarista falida que não teria muito a acrescentar, mas acabei sendo pego.
Quem aí nunca quis ter uma avó como a Morgana, uma mulher batalhadora, sabia e acima de tudo extremamente atenciosa? Foi ela quem mais ajudou ao Lucas no momento mais delicado e difícil da vida do rapaz. Nem mesmo a Duda que dizia ama-lo não acreditou em sua inocência, deixando com que o Alex enchesse sua cabeça com maldades. Outros momentos tocantes da Morgana dos quais gostei foram os que envolviam o vilão Alex. Ela tinha conhecimento de tantas maldades que o filho praticava, mas como mãe o defendia com tudo o que tinha. Chegava a mentir para si mesma ao jogar panos quentes em cima das tramoias do homem. O pior é que não dava para sentir raiva dela, pelo contrário, tudo o que ela fazia era compreensível.
Por vários momentos senti vontade de xingar o Alex de filho da p..., mas me continha ao me lembrar de que ele era filho da Morgana, e eu gosto muito dela. O Alex foi outro que conseguiu me fazer sentir raiva quase que o tempo todo. Um manipulador, mau caráter que sempre usava de sua influência para conseguir o que queria.
Do lado da família do Jacques, admito que também pensei que não iria gostar do personagem Arthur, mas após ver o quanto o rapaz é um bom filho fazendo de tudo a seu alcance para ver os pais felizes mudei de opinião. Sem contar o problema de saúde pelo qual o jovem passou. Seus pais o protegeram o máximo que puderam. Só não gostei quando ele adotou um comportamento rebelde, apesar de achar que ele tinha um bom gosto musical por escutar Metallica em volume alto.
Gostar da Naná não foi difícil. Na verdade comecei a acompanhar a novela mais por causa dela. Quem nunca desejou ter uma amiga confidente e de confiança que além de emprestar seu ombro, ainda ajudava a conseguir uma solução para os problemas? A atrapalhada personagem de Zezé Polessa me fez dar boas risadas e também torcer pela felicidade dela. Agora não conseguirei mais ver a atriz sem chama-la de Naná.
Os filhos do Gaspar também mexeram muito comigo. O que dizer da Jane Fonda e da Olívia? Na época da novela as duas atrizes tinham um rostinho cheio e saudável, dava para perceber que eram garotas de uns treze, catorze anos facilmente. Diferente de hoje em dia em que as garotas adquirem uma vaidade voraz desde cedo. (Aos dez anos já perdem a feição infantil e a partir dos doze começam a embarcar em dietas patéticas para manterem-se magérrimas, com um semblante de doença, anorexas. Aos quinze já ficam com a aparência de já ter uns vinte e cinco anos). O irônico é que em Top Model o tema era justamente as modelos. A personagem da Duda pelo menos não ficava fazendo dietas, pelo contrário, comia o que queria sem perder o controle do próprio corpo. Talvez a personagem foi composta assim para não incentivar as garotas da época a fazerem loucuras.
Confesso que achava engraçada a situação do Ringo Starr com a Milu no início, mas depois de um tempo a obcessão dele encheu o saco. Um jovem inteligente que teve atitudes idiotas. Mas tudo bem são coisas da idade. Quem nunca cometeu erros na adolescência? E o Elvis então, sempre na dele, caminhando lentamente para a idade adulta assumindo responsabilidades das quais muitos jovens de hoje em dia preferem fugir. Dos cinco irmãos, o mais protegido era John Lennon. Todos os demais evitavam falar mal da Mariza perto dele para não chatea-lo.
No início também eu não gostava da Mariza. Ela sempre dava um jeito de ofender e magoar ao Gaspar. Tentou pedir a guarda do filho, foi embora e voltou para a casa do marido inúmeras vezes. Mas no fundo era uma boa mãe. Passei a gostar dela depois que de um tempo. Senti pena quando o Alex a manteve em cárcere privado.
Outro personagem do qual não posso me esquecer de comentar é o Alex Júnior. Um dos meus favoritos. Júnior é um garoto inteligente que sempre apronta com a governanta Simone e sempre ajuda seus familiares. Eu rolei de rir todas às vezes em que o vi aprontando das suas. Quando ele se vestiu de Arizona Kid, para se esconder do pai e quando pintou a cara e vestiu uma roupa de rastafári com direito a som pendurado no ombro e tudo para enganar o Silas foram alguns desses momentos.
Após o centésimo capítulo entrou para a trama a personagem Giulia. Filha do detetive Silas, a jovem possui um temperamento forte e gênio difícil. Gostei muito dela também. Confesso que preferi o Lucas junto dela por gostar do jeitão da moça. Um dos momentos em que senti vontade de espancar o Lucas foi quando ele se desentendeu com a Duda e disse simplesmente que não conseguiria desenhar nunca mais porque perdeu sua grande habilidade. Como desenhista eu posso dizer que para se perder uma habilidade nesse tipo de ofício é preciso ocorrer algo muito grave mesmo, seja fisicamente, ou emocionalmente. Só que no caso do Lucas eu acreditei que fosse frescura. Sei que ele passou por dificuldades e que se inspirava na mulher que amava para fazer seus desenhos, mas eu pessoalmente acho que ele deveria gostar de desenhar por prazer de exercer isso e não unicamente por causa de uma mulher.
Bom, acho que já escrevi o bastante para fazê-los perceber o fascínio que essa novela conseguiu exercer sobre mim. Eu pessoalmente gostei do final de todos os personagens. E agora que tudo acabou, fiquei com um gostinho de quero mais na boca para saber o que ocorreu com os personagens após o fim. Tá certo que poderei rever essa novela inúmeras vezes, mas decidi não o fazer para que não enjoe com facilidade. Então o que posso dizer é que sentirei muita saudade de todo o clima dessa trama.
A explicação que tenho a dar por todo esse laço que criei tanto com a trama, quanto com os personagens muitos de vocês já devem saber ou ter escutado algo a respeito porque isso ocorre em todos nós. Quando temos o costume de acompanhar todos os dias um pouco de algum fato envolvendo personagens, muitas vezes fictícios, nos afeiçoamos a eles devido a esse convívio indireto. Depois de alguns meses nos acostumamos com essa convivência e é como se esses personagens tivessem se tornado algum amigo próximo ou familiar. Isso quando não nos identificamos com um ou outro caso.
Esse fato pode ser notado em produções mais longas como novelas e também Animes com um número de episódios mais estendidos. A exemplo disso posso citar o Naruto, um Anime que eu e meu irmão já acompanhamos a mais de cinco anos e devido o enredo inovador, (apesar de tantos fillers) continua contagiante. Eu não assisto tão assiduamente quanto o meu irmão, mas acompanho e sei dos acontecimentos. Outro anime que posso citar e que meu irmão é louco com ele é One Piece. Apesar dos traços considerados feios, meu irmão acha o Anime maravilhoso devido sua história.
Mas é claro, antes de criar esse tipo de laço com algum personagem fictício é preciso ter a cabeça no lugar e o pé bem firme no chão para distinguir que não são pessoas reais.
A reflexão que quero deixar aqui no final é sobre os livros. Muitas pessoas que gostam de ler se envolvem com a história de alguns títulos de maneira profunda. Isso já me ocorreu algumas vezes também. Mas muitas pessoas gostam de se gabar dizendo que leem bilhares de livros em um curto espaço de tempo. Lembrem-se do seguinte, quantidade não é qualidade. Então é preferível ler em uma velocidade mais moderada e assimilar cada frase, cada linha, cada estrofe, do que ler tudo muito rápido e não usufruir de nada direito.
Ainda sobre Top Model, deixarei abaixo alguns vídeos da novela.










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