Bom
alguns de vocês podem até estranhar o fato de eu fazer uma postagem a respeito
de uma novela, mesmo porque eu pessoalmente não gosto de novelas, mas para tudo
se tem uma explicação antes de ocorrerem condenações. Eu pessoalmente acho que
a teledramaturgia brasileira por mais elogiada que seja, está deixando a
desejar. Os enredos a meu ver estão hora fracos demais, hora apelativos demais.
Quando criança eu acompanhava muitas novelas da quais noventa por cento não me recordo
com muita clareza. Mas pelo que me lembro as novelas já tiveram mais conteúdo
distribuído pelos horários e os artistas de suas respectivas épocas tinham mais
talento a demonstrar.
Tá
certo que a novela está ali na TV apenas para proporcionar ao telespectador um
momento de distração, mas espera aí. Qualquer tipo de arte deve ser feito com
carinho para seus admiradores. Não é só colocar um amontoado de lixo televisivo
para encher horário em troca de alguns pontos de audiência. Não é só tratar de
assuntos banais e medíocres que trarão satisfação as pessoas. A programação
brasileira atual está horrível em minha singela opinião. E ficar pagando TV à
cabo é simplesmente encher os bolsos das indústrias de telefonia e emissoras (esses
parasitas sangue sugas). Mas nem tudo está perdido.
Voltando
a falar da Novela Top Model. Como disse acima, me lembro vagamente das novelas
que vi em minha infância. Com Top Model não foi diferente. Tudo do que me
lembrava era do bordão da personagem Naná e da trilha sonora da novela. Fato
esse citado em uma outra postagem minha que fiz aqui.
Pois
bem, após fazer aquela postagem fiquei curioso para assistir novamente a essa
novela, pois quando criança eu a adorava, mas já não me lembrava do por que.
Aquela curiosidade foi me cutucando até que resolvi procurar trechos da novela
pelo YouTube, afinal dá para encontrar arquivos caseiros por lá. Me surpreendi
quando encontrei capítulos inteiros. Foi quando conheci o Canal Viva que estava
reprisando a novela na íntegra. Reconheço que a proposta do canal é muito boa
para valorizar o trabalho de uma equipe grandiosa que pouco tempo depois da
execução de uma novela acaba sendo esquecida. A única desvantagem é que é mais
um canal pago.
Enfim,
acabei assistindo ao primeiro capítulo de Top Model e quando terminei não saia
da minha cabeça a ideia de que ‘novela
boa é novela antiga’. O enredo da trama me agradou um bocado, me vi então
com vontade de assistir a mais capítulos, mas confesso que senti um pouco de
vergonha no início. Algum tempo se passou e os capítulos finais foram
transmitidos. Foi quando resolvi deixar de lado a vergonha e acompanhar
definitivamente a história. Essa semana terminei de ver todos os capítulos e
após acompanhar todos os cento e noventa e sete, resolvi postar minha opinião
sobre a trama no geral.
Se
for parar para pensar, Top Model é uma novela feita para jovens. Tem um elenco
formado por vários adolescentes e busca também retratar algumas questões
vividas por esses jovens. A parte adulta da novela também é bem construída.
Acho que foi todo esse conjunto que me atraiu de alguma forma. No princípio me
identifiquei um pouco com o personagem Lucas porque ele desenha muito bem. O
rapaz só entrou na roubada de ajudar a um amigo de infância em um assalto para
ajudar a mãe que estava doente.
Mas
com o decorrer dos capítulos acabei me envolvendo mais também com os demais
personagens. Todos tem uma importância inquestionável para todo o decorrer da
trama. Como deixar de citar as confusões vividas pela família Kundera? O lar do
surfista quarentão Gaspar com seus cinco filhos, todos gerados de mães
diferentes que abandonaram o amante das ondas. Também tem o lar do famoso
empresário Alex, um homem completamente oposto a seu irmão Gaspar, sendo uma
pessoa fria e calculista que faz de tudo para manter a fama da confecção
Covery. Pois bem, todo esse núcleo me encheu os olhos.
Prefiro
não entrar muito em detalhes da história porque acabarei deixando algum spoiler
para alguém que possa querer ver a novela. Apenas o que posso dizer é que a
trama acabou sendo dividida em duas “fases”, mas isso não alterou a qualidade
em nada. Na primeira fase vemos a situação de Lucas como um fugitivo da justiça
que encobre Grilo, seu amigo de infância com quem fez um assalto que terminou
na morte de um empresário. Já na segunda fase enquanto a situação de Lucas se
resolve momentaneamente, o rapaz passa por uma reviravolta gigantesca em sua
vida pessoal e social. Também na segunda fase os problemas da família Kundera
são abordados com mais profundidade. Vemos o vilão Alex cometendo atos
inescrupulosos ao mesmo tempo em que recorda fatalidades nas quais se envolveu
no passado.
Como
telespectador, eu me vi cada dia mais ligado com a história e admirando alguns
personagens. A atuação de todo o elenco, sem exceção, foi magistral. Até mesmo
os estreantes deram um show. Me arrisco a dizer que os jovens de hoje atuantes
da novelixo Malhação, deveriam aprender com os atores mirins daquela
época como se deve fazer. Todos os atores atuaram de maneira tão natural que
nos faz sentir parte da história indiretamente. Eu por exemplo, praticamente me
apaixonei pela personagem da Eva Todor, a Morgana. No início pensei que não
iria gostar dessa personagem. Pensei que a Morgana seria mais uma vigarista
falida que não teria muito a acrescentar, mas acabei sendo pego.
Quem
aí nunca quis ter uma avó como a Morgana, uma mulher batalhadora, sabia e acima
de tudo extremamente atenciosa? Foi ela quem mais ajudou ao Lucas no momento
mais delicado e difícil da vida do rapaz. Nem mesmo a Duda que dizia ama-lo não
acreditou em sua inocência, deixando com que o Alex enchesse sua cabeça com
maldades. Outros momentos tocantes da Morgana dos quais gostei foram os que
envolviam o vilão Alex. Ela tinha conhecimento de tantas maldades que o filho
praticava, mas como mãe o defendia com tudo o que tinha. Chegava a mentir para
si mesma ao jogar panos quentes em cima das tramoias do homem. O pior é que não
dava para sentir raiva dela, pelo contrário, tudo o que ela fazia era
compreensível.
Por
vários momentos senti vontade de xingar o Alex de filho da p..., mas me continha
ao me lembrar de que ele era filho da Morgana, e eu gosto muito dela. O Alex
foi outro que conseguiu me fazer sentir raiva quase que o tempo todo. Um
manipulador, mau caráter que sempre usava de sua influência para conseguir o
que queria.
Do
lado da família do Jacques, admito que também pensei que não iria gostar do
personagem Arthur, mas após ver o quanto o rapaz é um bom filho fazendo de tudo
a seu alcance para ver os pais felizes mudei de opinião. Sem contar o problema
de saúde pelo qual o jovem passou. Seus pais o protegeram o máximo que puderam.
Só não gostei quando ele adotou um comportamento rebelde, apesar de achar que
ele tinha um bom gosto musical por escutar Metallica em volume alto.
Gostar
da Naná não foi difícil. Na verdade comecei a acompanhar a novela mais por
causa dela. Quem nunca desejou ter uma amiga confidente e de confiança que além
de emprestar seu ombro, ainda ajudava a conseguir uma solução para os
problemas? A atrapalhada personagem de Zezé Polessa me fez dar boas risadas e
também torcer pela felicidade dela. Agora não conseguirei mais ver a atriz sem
chama-la de Naná.
Os
filhos do Gaspar também mexeram muito comigo. O que dizer da Jane Fonda e da
Olívia? Na época da novela as duas atrizes tinham um rostinho cheio e saudável,
dava para perceber que eram garotas de uns treze, catorze anos facilmente.
Diferente de hoje em dia em que as garotas adquirem uma vaidade voraz desde
cedo. (Aos dez anos já perdem a feição infantil e a partir dos doze começam a
embarcar em dietas patéticas para manterem-se magérrimas, com um semblante de
doença, anorexas. Aos quinze já ficam com a aparência de já ter uns vinte e
cinco anos). O irônico é que em Top Model o tema era justamente as modelos. A
personagem da Duda pelo menos não ficava fazendo dietas, pelo contrário, comia
o que queria sem perder o controle do próprio corpo. Talvez a personagem foi composta
assim para não incentivar as garotas da época a fazerem loucuras.
Confesso
que achava engraçada a situação do Ringo Starr com a Milu no início, mas depois
de um tempo a obcessão dele encheu o saco. Um jovem inteligente que teve
atitudes idiotas. Mas tudo bem são coisas da idade. Quem nunca cometeu erros na
adolescência? E o Elvis então, sempre na dele, caminhando lentamente para a
idade adulta assumindo responsabilidades das quais muitos jovens de hoje em dia
preferem fugir. Dos cinco irmãos, o mais protegido era John Lennon. Todos os demais
evitavam falar mal da Mariza perto dele para não chatea-lo.
No
início também eu não gostava da Mariza. Ela sempre dava um jeito de ofender e
magoar ao Gaspar. Tentou pedir a guarda do filho, foi embora e voltou para a
casa do marido inúmeras vezes. Mas no fundo era uma boa mãe. Passei a gostar
dela depois que de um tempo. Senti pena quando o Alex a manteve em cárcere
privado.
Outro
personagem do qual não posso me esquecer de comentar é o Alex Júnior. Um dos
meus favoritos. Júnior é um garoto inteligente que sempre apronta com a
governanta Simone e sempre ajuda seus familiares. Eu rolei de rir todas às
vezes em que o vi aprontando das suas. Quando ele se vestiu de Arizona Kid,
para se esconder do pai e quando pintou a cara e vestiu uma roupa de rastafári
com direito a som pendurado no ombro e tudo para enganar o Silas foram alguns
desses momentos.
Após
o centésimo capítulo entrou para a trama a personagem Giulia. Filha do detetive
Silas, a jovem possui um temperamento forte e gênio difícil. Gostei muito dela
também. Confesso que preferi o Lucas junto dela por gostar do jeitão da moça. Um
dos momentos em que senti vontade de espancar o Lucas foi quando ele se
desentendeu com a Duda e disse simplesmente que não conseguiria desenhar nunca
mais porque perdeu sua grande habilidade. Como desenhista eu posso dizer que
para se perder uma habilidade nesse tipo de ofício é preciso ocorrer algo muito
grave mesmo, seja fisicamente, ou emocionalmente. Só que no caso do Lucas eu
acreditei que fosse frescura. Sei que ele passou por dificuldades e que se
inspirava na mulher que amava para fazer seus desenhos, mas eu pessoalmente acho
que ele deveria gostar de desenhar por prazer de exercer isso e não unicamente
por causa de uma mulher.
Bom,
acho que já escrevi o bastante para fazê-los perceber o fascínio que essa
novela conseguiu exercer sobre mim. Eu pessoalmente gostei do final de todos os
personagens. E agora que tudo acabou, fiquei com um gostinho de quero mais na
boca para saber o que ocorreu com os personagens após o fim. Tá certo que
poderei rever essa novela inúmeras vezes, mas decidi não o fazer para que não
enjoe com facilidade. Então o que posso dizer é que sentirei muita saudade de
todo o clima dessa trama.
A
explicação que tenho a dar por todo esse laço que criei tanto com a trama,
quanto com os personagens muitos de vocês já devem saber ou ter escutado algo a
respeito porque isso ocorre em todos nós. Quando temos o costume de acompanhar
todos os dias um pouco de algum fato envolvendo personagens, muitas vezes
fictícios, nos afeiçoamos a eles devido a esse convívio indireto. Depois de
alguns meses nos acostumamos com essa convivência e é como se esses personagens
tivessem se tornado algum amigo próximo ou familiar. Isso quando não nos
identificamos com um ou outro caso.
Esse
fato pode ser notado em produções mais longas como novelas e também Animes com
um número de episódios mais estendidos. A exemplo disso posso citar o Naruto,
um Anime que eu e meu irmão já acompanhamos a mais de cinco anos e devido o
enredo inovador, (apesar de tantos fillers) continua contagiante. Eu não
assisto tão assiduamente quanto o meu irmão, mas acompanho e sei dos
acontecimentos. Outro anime que posso citar e que meu irmão é louco com ele é
One Piece. Apesar dos traços considerados feios, meu irmão acha o Anime
maravilhoso devido sua história.
Mas
é claro, antes de criar esse tipo de laço com algum personagem fictício é
preciso ter a cabeça no lugar e o pé bem firme no chão para distinguir que não
são pessoas reais.
A
reflexão que quero deixar aqui no final é sobre os livros. Muitas pessoas que
gostam de ler se envolvem com a história de alguns títulos de maneira profunda.
Isso já me ocorreu algumas vezes também. Mas muitas pessoas gostam de se gabar
dizendo que leem bilhares de livros em um curto espaço de tempo. Lembrem-se do
seguinte, quantidade não é qualidade. Então é preferível ler em uma velocidade
mais moderada e assimilar cada frase, cada linha, cada estrofe, do que ler tudo
muito rápido e não usufruir de nada direito.
Ainda
sobre Top Model, deixarei abaixo alguns vídeos da novela.
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