sábado, 2 de abril de 2011

Pitty

Quando eu estava com dezoito, dezenove anos, não me sujeitava a escutar bandas nacionais. Nada contra, mas é que naquela época nenhuma banda nacional despertava a minha curiosidade. Foi quando uma baianinha me pegou de jeito, a letra de “Máscara” dizia muito do que eu queria dizer para muitas pessoas. Esperei para ver se aquela guria tinha músicas realmente boas ou se ela era igual aquelas bandas de um único sucesso. Depois que vi o clipe de “Admirável chip novo”, certifiquei que as músicas da Pitty realmente tinham o que eu procurava nas bandas nacionais, algum conteúdo a oferecer.
Foi quando decidi procurar pelo primeiro cd dela "Admirável Chip Novo". A música de abertura do álbum já começa com um tapa na cara ao dizer “- Quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra”. Pronto, á partir desse álbum acabei me tornando fã da baianinha Priscila Novaes Leone, vulgo Pitty. Porém o álbum do qual quero falar, não é do álbum de estreia dela, mas sim de seu sucessor, o “Anacrônico”. Em 2005 muitos ficaram esperando ansiosos pelo novo trabalho dela e quando foi anunciada a gravação do segundo álbum, esses muitos se perguntaram como seria aquele novo álbum.
Quando Fiquei sabendo que o guitarrista Peu Souza havia saído da banda, pensei que poderia haver uma certa diferença no som, pois Peu é um exímio guitarrista e teve uma guitarra bem definida em “Admirável chip novo”. Porém Martin me surpreendeu bastante, ele toca muito bem e possui uma base bem forte e marcante. Na verdade quando escutei “Anacrônico” nas primeiras vezes confesso que estranhei um pouco, mas aquele som foi conquistando o meu gosto e o resultado foi que eu escutava o CD quase todos os dias.
O álbum em si carrega uma força incrível, seus arranjos, sua timbragem, suas melodias, tudo colabora para o conjunto da obra. De verdade, as músicas desse álbum são muito fortes, destaco: “De você”, “Memórias”, “Ignorin’ U”, “Brinquedo torto”, “Quem vai queimar?” e “Guerreiros são guerreiros”. (Não sei se sou o único que acha, mas reparem como o piano de “Querer depois” é semelhante ao piano de “Epic” do Faith no more.) Os Overdubs também ajudaram muito, as vozes, os efeitos gravados depois, somente acrescentaram mais poder as músicas. As guitarras distorcidas estavam em sua medida certa, nem muito suja com um som indecifrável, nem limpinha e sem graça demais. O baixo estava esplendido com suas passagens e a bateria tão forte que chegava a dar vida a toda melodia. O vocal da Pitty nem se fala, ela possui uma linda voz, seja cantando as músicas dela, seja interpretando alguma outra canção ao fazer alguma cover, Pitty tem uma voz muitíssimo bem afinada e melódica.
As letras das músicas da Pitty sempre foram admiradas por mim e quando soube que algumas letras foram inspiradas em livros, acabei admirando ainda mais o trabalho dela. A Pitty sempre passou uma imagem de pessoa culta, que não precisa explorar sua beleza física para chegar aonde quer e essas qualidades só fizeram com que ela aumentasse ainda mais seu número de fãs. Confesso que me decepcionei um bocado com o álbum atual dela, sei que ela acredita que não é a mesma da época do Inkoma, do “Admirável chip novo” e com certeza deve achar que não é a mesma de “Anacrônico”, mas eu esperava mais de “Chiaroscuro”, esperava que ele superasse “Anacrônico”, ou soasse ao menos semelhante. Não quero promover discussão entre fãs então somente digo que “Me adora”, é a música que menos gosto da Pitty e que quando escutei um comentário que dizia que “Medo” é semelhante a “Máscara”, achei uma comparação brutal de tão ridícula.
A capa de “Anacrônico”, também tem uma curiosidade, pelo menos para mim. Eu sempre achei que as três garotas da capa são da esquerda para a direita, a Liz Bee, a Lulu e a Nancy, amigas da Pitty da época da She’s, primeira banda dela. Se bem que a Nancy não era da She’s e sim a Carol Ribeiro (atualmente guitarrista da banda Lou). A Nancy toca na banda Nancyta e os Grazzers, mas deixa pra lá, acho que isso é o tipo de coisa que apenas a própria Pitty pode revelar. Mas enfim, “Anacrônico”, é um excelente álbum que eu realmente recomendo e espero que no próximo álbum da Pitty, ela consiga repetir a façanha de fazer um álbum tão memorável quanto esse.
Abaixo está uma pequena montagem que fiz para demonstrar um pouco da curiosidade sobre a capa de Anacrônico.

Um comentário: